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Michelangelo Antonioni e a eterna solidão humana

No último domingo (29/09), um dos grandes gênios da história do Cinema mundial, estaria aniversariando: Michelangelo Antonioni (1912-2007).
  • Categoria: Cinema
  • Publicação: 01/10/2024 08:46
  • Autor: Ricardo Corsetti
Inicialmente influenciado pela estética e temática característica do chamado Neo-Realismo, conforme vemos em seu documentário "Gente do Pó" (1947), por exemplo; Antonioni evolui em busca de um estilo bastante pessoal, que começa de fato a se delinear a partir de "O Grito" (1957), filme ficcional que parece ser um autêntico misto entre a temática social neo-realista, com uma visão existencialista de mundo, calcada na ideia da eterna Incomunicabilidade entre os seres humanos.

Apenas 3 anos depois, em 1960, Antonioni inicia uma de suas melhores e mais icônicas obras: a "Trilogia da Incomunicabilidade", composta pelos excepcionais "A Aventura" (1960), "A Noite" (1961) e "O Eclipse" (1963).

Embora Antonioni se dissesse marxista, muitos o acusaram de um "aburguesamento" da temática de seus filmes que, via de regra, passaram a abordar o cotidiano das elites. 

Particularmente, acho injusta a acusação, posto que tal universo burguês que caracteriza boa parte de sua filmografia, é apresentado como vazio de significado, conforme veremos em sua obra-prima "Blow UP - Depois Daquele Beijo" (1966).

Poucos diálogos, planos longos e vazio interior por parte dos personagens, se tornam a marca registrada do diretor.

Curiosamente, "Zabriskie Point" (1970), seu primeiro longa rodado nos EUA, embora , em termos narrativos, obedeça à estrutura típica de seu estilo, surpreendentemente, prega a desobediência civil ao sistema capitalista; por intermédio de um casal hippie e de um grupo de estudantes universitário.
Sua obra máxima, porém, também rodada nos EUA: "Profissão Repórter" (1975), retorna à temática do absoluto vazio interior de um indivíduo, magistralmente interpretado por Jack Nicholson, aliás.

Crítica social nas entrelinhas, num contexto quase sempre de elite, com destaque para as sempre elegantérrimas personagens vividas por Monica Vitti (sua musa inspiradora e parceira de vida), conduziram a brilhante carreira e filmografia deste mestre supremo da sétima arte, ao longo de décadas, foram a principal marca de seu estilo único na história do Cinema.Michelangelo Antonioni e a eterna solidão humana.