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Tem carioca em Gramado, Preto Viana, consolida retorno ao audiovisual com estreia em longa no Festival

  • Categoria: Cinema
  • Publicação: 17/08/2025 22:28
  • Autor: Clarice Tatyer
Nascido no Morro da Formiga, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, Preto Viana é ator, acrobata e uma das novas vozes negras do audiovisual brasileiro. Filho de uma empregada doméstica e de um mecânico baiano, Preto trilhou um caminho distante dos palcos em sua infância. Sem referências artísticas dentro de casa, encontrou no teatro uma possibilidade de existência e expressão.

Aos 16 anos, decidiu prestar o teste para a tradicional Escola de Theatro  Municipal do Rio, onde iniciou sua formação na dança clássica. De lá, passou a integrar a Intrépida Trupe, onde mergulhou nas técnicas circenses. Sua estreia nos palcos veio em grande estilo: no musical A Gaiola das Loucas, sob direção de Miguel Falabella. A partir dali, seguiu em sucessivos musicais, inclusive compondo o elenco dos espetáculos oficiais da Disney no Brasil.

Apesar da ascensão, Preto interrompeu sua carreira por uma década. “Sempre que apareciam testes ou participações, eram para personagens irrelevantes, que não faziam sentido pra mim. Eu me enxergava como artista, não só como corpo”, afirma. Durante esse período, formou-se em Arquitetura e morou na Austrália, onde enfrentou novas camadas de exclusão. “Estar fora do seu país é muito difícil, ainda mais sendo um homem preto e imigrante, sem apoio familiar. Foi uma experiência dolorosa, mas decisiva para me reconectar com minha essência artística.”

De volta ao Brasil e com um novo projeto de carreira bem arquitetado, Preto tem se consolidado no audiovisual. Em 2023, estreou na elogiada série Os Outros, do Globoplay, vivendo Beto, personagem que traz à tona as tensões morais da trama. Em seguida, participou da novela Terra e Paixão, e integrou o elenco da experiência imersiva Stranger Things: The Experience, em São Paulo, com produção da Netflix Brasil.

Em paralelo, filmou Papagaios, longa dirigido por Douglas Soares e selecionado para o 53º Festival de Cinema de Gramado — um dos mais importantes do país. No filme, vive Viana, personagem que carrega seu próprio nome.


Preto Viana volta à cena com força e consciência. Sua trajetória, marcada por pausas e recomeços, revela não apenas um artista versátil, mas um corpo político que ressignifica espaços e papéis na dramaturgia contemporânea.