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Adultização infantil nas redes: qual o papel da família?

  • Categoria: Geral
  • Publicação: 01/09/2025 14:50
  • Autor: matêus reis
A infância, que deveria florescer em brincadeiras e descobertas, tem sido invadida por uma cultura digital que empurra crianças a comportamentos e padrões próprios da vida adulta. Em meio à viralização e normalização dessa realidade, a família emerge como guardiã das fronteiras da infância — e precisa agir com firmeza e afeto.

A adultização infantil nas redes sociais se manifesta por meio de roupas e maquiagens inapropriadas, poses sensuais, falas com conotação sexual e até a exposição da criança em busca de engajamento ou monetização. Esses conteúdos podem gerar problemas como baixa autoestima, ansiedade, distorções na imagem corporal e riscos aumentados de grooming e assédio.

Regulação e mobilização social
Recentemente, o tema ganhou repercussão nacional com o vídeo “Adultização”, publicado em 6 de agosto de 2025 pelo influenciador Felca, que denunciou práticas de sexualização de crianças exploradas por algoritmos — um chamado ao debate público e jurídico. Desde então, o Congresso recebeu dezenas de projetos de lei, conhecidos como “Lei Felca”, voltados a criminalizar condutas de exploração digital infantil e exigir maior responsabilidade das plataformas.

Na Justiça, houve decisões como a do TRF-6, que determinou a inserção de alertas no YouTube e a criação de canais céleres de denúncia.

O papel fundamental da família
Mesmo com leis e mobilizações, a atuação dos pais e responsáveis continua central. Segundo especialistas, a família deve adotar supervisão ativa e diálogo aberto, navegando junto com a criança, conversando sobre conteúdos e sentimentos, fazendo combinados claros e evitando vigilância punitiva. Também é importante estabelecer limites e proteção digital, configurando perfis como privados, limitando mensagens diretas, evitando lives sem acompanhamento e controlando o uso de telas. Além disso, incentivar alternativas fora das telas, como esportes, leitura, arte e momentos de qualidade em família, fortalece o desenvolvimento emocional da criança. A educação midiática também se torna essencial: é preciso ensinar sobre consentimento, privacidade, consumo crítico de conteúdo e a dificuldade de exclusão total na internet. Quando necessário, a família deve ainda recorrer a uma rede de apoio ampliada, envolvendo escola, comunidade, psicólogos e redes protetivas.

Falas inspiradas em especialistas
No momento crítico, uma psicóloga infantil como Lígia Teixeira poderia dizer:

> “A infância não pode ser invadida por padrões adultos que ela ainda não tem maturidade para lidar. A criança precisa de brincadeira, afeto e proteção — não de curtidas ou looks que normalizam a exposição precoce.”



Já um advogado especializado em direito familiar, como Edmom Moraes, destacaria:

A legislação existe para proteger a criança, mas é na rotina familiar que essa proteção se consolida. Manter diálogo aberto, estabelecer limites claros e assegurar que a criança tenha seu tempo de ser criança são atitudes que fortalecem a integridade e a dignidade infantojuvenil.”



A adultização infantil nas redes é um fenômeno real, preocupante e em plena efervescência no Brasil. A família, no entanto, continua sendo a linha de frente da proteção da infância. Agindo com presença, diálogo, limites saudáveis e amor, ela não apenas salvaguarda o desenvolvimento emocional da criança como também resiste a pressões externas e tecnológicas que tentam usurpar momentos preciosos da infância. Preservar a inocência e permitir o tempo de crescer com segurança e afeto é mais do que dever — é ato de amor e responsabilidade.