Num futuro próximo e distópico, Alex, é um garoto que lidera uma gangue de jovens, que tem como diversão barbarizar as noites de Londres, roubando, espancando, violentando, enfim, torturando com requintes de crueldade, aqueles que tivessem a infelicidade de cruzar o seu caminho. Entretanto, em uma noite escura, Alex é capturado e preso, por um Estado ansioso para mostrar serviço no combate da crescente violência juvenil na sociedade inglesa. Por esse motivo, ele acaba, como cobaia, submetido a um procedimento experimental, que tem como objetivo retirar-lhe seu livre arbítrio, transformando-o assim, em um pacato cidadão modelo.

Extremamente polêmico, Laranja Mecânica, sofreu com censuras em diversos países, incluindo o Brasil, onde foi exibido com tarjas para cobrir detalhes de suas cenas.

É absolutamente impressionante, como Kubrick, consegue criar uma atmosfera psicodélica e onírica, contrastando em perfeita harmonia, com um forte senso realista e verossímil, assim como, equilibra perfeitamente a violência explícita com humor ácido e sarcástico.

Com relação à forma, Laranja Mecânica, apresenta a tradicional estrutura em três atos. Sendo o primeiro ato, a apresentação de Alex, sua turma, seu núcleo familiar e, principalmente, sua delinquência. Já o segundo, tem início com a prisão de Alex e vai nos mostrando todo o tratamento ao qual ele foi submetido. Finalmente, no terceiro ato assistimos um Alex, já "curado" entre aspas, lidando com as consequências relacionadas com suas ações no primeiro ato da estória, num típico modelo de causa e efeito.

Quanto ao final do filme, não diria que fica em aberto, porém, é no mínimo ambíguo e inconclusivo. E isso não é um demérito, muito pelo contrário, esta conclusão é deixada para que o espectador tenha sua própria interpretação e dessa maneira, faz com que o mesmo, amplifique sua relação e experiência com o longa.

Revisitar Laranja mecânica, foi um verdadeiro deleite, abordando temas como delinquência juvenil, psicologia, psiquiatria, ética, política e etc. o longa me fez refletir sobre inúmeros aspectos da sociedade na qual estamos inseridos. E também me trouxe um questionamento:

Como pode um filme de 1972, ser tão atual, relevante e impactante nos dias de hoje? A resposta?

Bem, a resposta, veio ao olhar o nome do autor, pois gênios são capazes de produzir obras atemporais, e definitivamente, Kubrick é gênio!!!