Disputa política contemporânea nas democracias formais
- Categoria: Economia
- Publicação: 05/01/2025 22:40
- Autor: Rodrigo Botelho Campos - economista

Há anos avalio que o fenômeno da disputa política contemporânea nas democracias formais, usualmente explicado pela simplificada conceituação político-sociológica de escopo “direita X esquerda”, e seu fenômeno particular de escala, a polarização, tácita ou explícita, para a disputa do aparelho de Estado, em que poder e esfera for, no planeta e no Brasil, se alongará no tempo.
Ao fazer a disputa em cada país, os campos político-ideológicos fazem também a disputa entre os países, introduzindo a disputa geopolítica com outras formações históricas fora do conceito formal de “democracia de estilo ocidental”. A fronteira da disputa é o planeta, aliás, já há alguns séculos, no caminhar inexorável da integração da humanidade. Alexandre e Gengis Khan fazem parte desta história…Globalização ou capitalismo num só país? Revolução internacional ou socialismo num só país? Falsas contradições…pois são apenas ênfases circunstanciais de um momento histórico, que vai e volta dialeticamente.
A polarização político-ideológica é um fenômeno na superestrutura decorrente fundamentalmente do fenômeno na infraestrutura de ultra concentração do capital. Os Estados, mesmo sendo complexos, permeados por interesses, também continuam sendo o “estado-maior” do capital, o maior dos agentes de interesse. Basta olhar a correlação de forças nas casas legislativas e nos governos eleitos por aí a fora e perceberemos como este poder se expressa. Com 1000 homens/mulheres tendo a mesma riqueza que a metade da população do planeta, fenômeno replicado em cada país, estamos deslizando e já sangrando no fio da navalha.
Alguns destes bilhardarios já defendem “dar anéis para não perder os dedos”. Uns pedem para serem mais tributados e lideranças políticas levantam esta bandeira, fazendo até cálculos. Outros fazem doações humanitárias volumosas, com a benevolência do Estado. Maria Antonieta tentou… com brioches. Deu errado. Isto pode ser um sinal antecipado de que o pior da maior das contradições pode se tornar a opção destes: a guerra e/ou o fascismo.
A contradição socialismo ou barbárie está evidente, com a nítida percepção de que a 3ª Guerra Mundial antecipada em guerras inter potências nas franjas das fronteiras geopolíticas (Ucrânia, Israel, Síria e dezenas de outras menos faladas), que mitigam o risco da hecatombe nuclear, que não escolhe vítimas, pode suscitar que não necessariamente teremos no socialismo e na paz a escolha hegemônica da humanidade.
A détente, baseada no poder militar nuclear, pode voltar a ser o centro da política de equilíbrio da disputa geopolítica num contexto multipolar? A ONU precisa se reinventar para viabilizar isto. A quem interessa isto? Aos democratas.
Um outro mundo é possível? Sim, mas a sua construção exige uma mudança de qualidade dos que lutam por este mundo, para além da consagração de que a democracia é um valor universal a nos unificar para a luta que é permanente. “Se queres paz, prepara-te para a guerra”, ouso relembrar. Eles se preparam, sempre.
Restringindo a disputa do poder à disputa eleitoral do voto, em todo o planeta o centro tem submergido ante a força dos polos. Em torno destes polos com suas lideranças e eleitores gravitam lideranças e eleitores alcunhados de “centro”, migrando para um lado ou para outro por pragmatismo decorrente das circunstâncias históricas.
O centro de comando de cada polo persiste duro, mas sinalizando disposição para a construção de frentes, visando maximizar votos, e minimizando ideologia ao limite da não descaracterização. Quando se percebe ser difícil ganhar no voto, guerras híbridas tem se tornado componentes da disputa e nenhum país não hegemônico está livre disto. As “primaveras” são expressão disto. A primavera na Síria concluiu agora. No Brasil, tivemos isto, levando ao impeachment de Dilma e prisão de Lula para abrir espaço à direita, que, na dialética da disputa, destruiu as opções ao centro e fez aflorar o protofascismo bolsonarista. Estes, derrotados no voto, mais adiante, através de um grupo orgânico que é expressão do polo à direita, organizou um golpe, fracassado. Em janeiro de 2023 atacaram Brasília com turbas ensandecidas.
O nosso maior adversário político/eleitoral no Brasil continuará vindo do campo de centro-direita. O sistema de dois turnos permite para nós a marcação de posição (debate ideológico) no primeiro turno e a aliança (frente democrática) para ganhar e governar no segundo turno (articulação política).
O campo liberal/conservador, ou “centro-direita”, pode entrar rachado (uma candidatura de perfil mais ao centro + candidatura nitidamente de direita (Eduardo B.???)).
Continuaremos disputando votos ao centro, com articulação com expressões político-partidárias deste campo. Lula é o grande líder. Se será ou não será candidato é assunto para o mais tarde possível, senão a campanha que já começou acelerará de tal forma que pode-se chegar à conclusão que este governo acabou. Isto seria catastrófico para o próprio governo e o nosso futuro posicionamento no pleito de 2026.
Impeachment trava governo, mas governo inerte pode ser pior. Os tucanos usaram a fórmula: “vamos fazer este governo e o PT pingarem sangue”. Deu errado. Lula se reelegeu, ajudou Dilma a ser eleita duas vezes, mas atualmente Lula está noutro momento da vida. Sua fleuma revira parâmetros, desconstrói clichês e constrói novos sonhos. A ver.
Se Lula desistir, e só desistirá por algum problema de saúde que justifique priorizar sua vida ou se torne um problema objetivo detectado nas pesquisas, ele continuará liderando o processo, com chance real de nos conduzir à vitória. Ele se comportou assim com Dilma: só admitia ser candidato se ela não fosse disputar a reeleição. Antes não aceitou o 3° mandato. Será justo com sua própria história ao fazer a escolha lá adiante, para se consagrar na história. É um ás.
No nosso campo, a princípio, acho melhor irmos unidos desde o primeiro turno: “tour de force”. O resto…vamos dar tempo ao tempo, pois “o diabo continua morando nos detalhes”. E “diabos” são muitos!
Vamos adiante, lutando!
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