Análise Assédio Sexual (1994)
- Categoria: Critica de Filmes
- Publicação: 28/12/2024 16:26
- Autor: Italo Morelli Junior

Década de 90, ano de 1994 e um dos assuntos mais discutidos na época era assédio sexual, que consiste em constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. O mais comum sempre foi a mulher ser a vítima. Mas, e quando os papéis se invertem?
Tom Sanders (Michael Douglas) é um executivo que aguarda uma promoção na empresa onde trabalha, mas quem acaba ocupando o cargo é Meredith Johnson (Demi Moore), com quem ele teve um affair mal resolvido.
Meredith, agora em um cargo superior ao de Tom, tenta seduzí-lo e forçá-lo a ter relações sexuais e, ao ser rejeitada, ameaça destruir sua carreira. Para surpresa de todos (inclusive a nossa) Tom resolve processar Meredith por assédio sexual.
Parece até um filme do polêmico Adrian Lyne (9 1/2 Semanas de Amor, Atração Fatal e Proposta Indecente), mas pertence ao experiente diretor Barry Levinson (vencedor do Oscar por Rain Man, de 1988) cujo roteiro é do próprio autor do livro, Michael Crichton.
Pelos nomes envolvidos, esperava-se um pouco mais de barulho do que ele causou. Assédio Sexual não é um filme quente como a palavra sexual do título automaticamente sugere - ele passa longe do terreno do erotismo e vai pelo caminho do "filme de tribunal", que nos prende a atenção o tempo todo.
Michael Douglas em um personagem que recusa uma investida sexual, depois de ter feito dois anos antes Instinto Selvagem? Não colou e isso tirou um pouco da força que o filme poderia ter tido. Ele até convence como executivo, mas como objeto de desejo, ficou forçado.
Já Demi Moore é um vulcão de sensualidade e se não possui recursos dramáticos suficientes, pelo menos não faz feio em cena. Aliás, Demi pode ser considerada a dona dos anos 90: fez vários filmes que foram fracasso de crítica, e mesmo assim ganhou os mais altos cachês e lotava as salas de cinema. Tem filme novo da Demi? Vamos conferir!
Atuar em Assédio Sexual nem deve ter sido um desafio tão grande assim, já que o diretor não apelou para maiores ousadias em busca de publicidade gratuita. A cena do assédio não chega nem a ser soft porn, de tão comportada - é bem filmada e Demi Moore está deslumbrante e segura.
A notável trilha sonora é, pasmem, do mestre Ennio Morricone. Tom Sanders até parece aleatório ali sob o domínio de Meredith, mas o roteiro reserva pra ele uma história bem escrita, dúbia até, sobre o papel do homem e da mulher no campo profissional e na sociedade, assunto eternamente discutido e que reverbera até hoje.
Visto nos dias atuais, Assédio Sexual é quase um desserviço as conquistas do feminismo nos últimos anos por reforçar o estereótipo da mulher poderosa e vingativa, mas vale como retrato da mentalidade de uma época e não deixa de ter o seu valor enquanto estudo de personagem. Não é comum um homem sofrer assédio sexual de uma mulher e levá-la aos tribunais por isso, porém é comum alguém que tenha o poder nas mãos cometer algum tipo de abuso - no caso de Assédio Sexual quem detém esse poder é uma mulher, mas poderia ser um homem e este é o detalhe que torna esta obra tão interessante. Comportamento abusivo não depende nem de sexo e nem de sexualidade e Meredith Johnson não é uma regra no selvagem mundo corporativo. Se o escritor Michael Crichton fez bonito com Jurassic Park e encantou à todos, em Assédio Sexual ele soube abordar um assunto polêmico de maneira original, e que hoje está mais vivo do que nunca, vide o movimento Me Too.
Uma pitada de tecnologia (hoje datada) reforça o quanto o filme queria estar na crista da onda, e merece sim uma conferida e também um revival nas rodas de discussões.
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