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Análise Triangulo da Tristeza

Filme vencedor da Palma de Ouro de Cannes, indicado ao Oscar 2023
  • Categoria: Critica de Filmes
  • Publicação: 05/12/2024 00:44
  • Autor: Ricardo Corsetti
"Nós trabalhamos com algo que tem assegurado a democracia ao redor do mundo: granadas. Anteriormente, nosso principal produto, eram 'bombas anti-pessoais, também conhecidas como, minas terrestres". Eis apenas um pequeno exemplo da fina e deliciosa ironia que percorre toda a trama de "Triângulo da Tristeza" (2022), filme vencedor da Palma de Ouro em Cannes, no ano passado, dirigido pelo sueco, Ruben Ostlund. Toda a hipocrisia que caracteriza o mundo contemporâneo, presente no discurso de "igualdade de gêneros, racial e social", vendida pelo universo da publicidade e da moda, por exemplo, é aqui desmontada, com muito senso de humor, visando revelar que na prática, o que nos cerca diariamente, é um reino de preconceitos de toda a natureza, filtrado por muita hipocrisia e afetação. Destaque para a cena em que uma rica senhora européia, dentro de uma jacuzzi e tomando champagne francês, diz à funcionária do navio que a serve: "no fundo, somos todos iguais". E claro, o desfecho em que temos uma espécie de "vingança do proletariado" contra seus "cordiais" opressores, também é digna de nota. A presença da bela e charmosíssima atriz sul-africana, Charlbi Dean (recentemente falecida, aliás), vivendo a top model, Yaya, também merece destaque. Obs: ecos de "As Invasões Bárbaras" (2003) do franco-canadense, Denys Arcand, são facilmente identificáveis no humor inteligente e relativamente intectualizado que caracteriza todo o filme. Obs 2: salvo a duração um tanto desnecessariamente longa (2h37min.), na maior parte do tempo, é mesmo uma delícia acompanhar as impagáveis situações vividas em "Triângulo da Tristeza". E você aí, por acaso já comprou sua "bota de pedreiro" da Balenciaga, por módicos 10 mil reais?