O cinema sempre teve filmes biográficos. O primeiro deles, o filme mudo Joana d'Arc, foi feito por Georges Méliès em 1900. Em 2018, quando a cinebiografia de Freddie Mercury, Bohemian Rhapsody, estrelada por Rami Malek, tornou-se um sucesso de bilheteria e rendeu ao ator o Oscar, uma nova fase começou. Agora, inúmeros filmes contando a história de músicos icônicos são lançados anualmente, seguindo uma fórmula derivada da Jornada do Herói de Joseph Campbell. Em meio a esse mar de filmes formulaicos, Weird: The Al Yankovic Story aponta e ri da plasticidade desses estereótipos para criar uma experiência única.

O filme conta a história de "Weird Al" Yankovic, o músico mundialmente famoso por criar paródias cômicas de grandes sucessos. Contudo, em sua cinebiografia "verdadeira" e completamente inventada, essa realidade é virada de cabeça para baixo. Acompanhamos sua ascensão meteórica a partir de um lar onde o acordeão era proibido, seu romance explosivo com outra lenda do pop e uma espiral de fama que leva sua vida a um clímax gloriosamente absurdo, satirizando cada clichê do gênero pelo caminho.

As atuações são um grande destaque, com Daniel Radcliffe (Harry Potter) e Rainn Wilson (The Office, Megatubarão) que brilham justamente por interpretarem seus papéis de maneira extremamente séria e competente em um filme repleto de absurdos. O longa também é muito charmoso, com diálogos que beiram o esdrúxulo, mas que relembram o espectador constantemente de que ele está assistindo a uma versão exagerada da realidade: uma paródia.

Uma ressalva é a sua duração. Com quase duas horas, o filme por vezes se estende, repetindo piadas e situações, o que o torna um pouco maçante em certos momentos. Isso, no entanto, não tira o brilho de uma obra que, apesar de focar em um artista e um gênero musical de nicho, é diversão garantida para todos os fãs de cinema e de boas biografias.