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O INÍCIO DO TERROR NO CINEMA

  • Categoria: Cinema
  • Publicação: 28/09/2025 21:29
  • Autor: Gustavo Snyder
O ano de 2025 vai ficar conhecido como um dos mais interessantes, quando o assunto for filmes de horror. Se por um lado testemunhamos a volta de medalhões como o Pescador da franquia Eu Sei o Que Vcs Fizeram no Verão Passado, o Casal Warren na quarta parte de Invocação do Mal e o Conde Orlok em Nosferatu de Robert Eggers (que saiu aqui no Brasil no início de 2025), o ano tbm nos trouxe ótimas surpresas dentro do gênero como Faça Ela Voltar (da dupla Michael e Danny Philippou), Juntos (de Michael Shanks), A Hora do Mal (de Zack Cregger) e principalmente o espetacular Pecadores (de Ryan Cogler) entre outros filmes bem acima da média. E o mais impressionante é que a maioria dos filmes de terror desse ano foram sucesso de público e crítica, o que só mostra como somos fascinados por essas produções desde a aurora do cinema.

A origem dos filmes de horror está intimamente relacionada com a literatura gótica. O Castelo de Otranto ( publicado em 1764) de Horace Walpole foi o primeiro romance oficial de horror gótico e inspirou toda uma leva de escritores como a pioneira Ann Radcliffe (Os Mistérios de Udolfo de 1794) e a fantástica Mary Shelley que nos brindou com sua obra prima Frankenstein ou O Prometeu Moderno de 1818. Podemos incluir tbm nessa lista os trabalhos de Edgar Allan Poe (A Queda na Casa de Usher de 1839 entre outros), Robert Louis Stevenson (O Médico e o Monstro de 1886) e Abraham Bran Stoker (Drácula de 1897).

Desde o seu início, o cinema sempre trouxe várias adaptações de obras desses e outros autores góticos, mas foi somente a partir dos anos 20, que o protótipo do filme de terror como nós os conhecemos foi se estabelecendo.

Filmes como O Golém – Como Ele Veio ao Mundo (1920) de Paul Wegener adaptando o livro de mesmo nome que o austríaco Gustav Meyrink lançou em 1915 e Nosferatu – Uma Sinfonia de Horror (1922) de F. W. Murnau (filme que se viu envolvido em uma bizarra disputa sobre direitos autorais com a viúva de Bran Stoker, mas isso é uma outra história), já traziam em seu núcleo, toda uma atmosfera sombria, uma atuação marcada pela dramaticidade e uma cenografia abstrata e retorcida que traziam ao expectador uma aura de terror e pesadelo.

Aliás, essas são apenas algumas das características do expressionismo alemão (movimento artístico surgido no início do século 20 que buscava retratar a realidade humana de maneira íntima e subjetiva). É importante destacar tbm que, dentro desse movimento, temos verdadeiros clássicos do horror como O Gabinete do Dr Caligari (1920) de Robert Wiene e A Morte Cansada (1921) do genial Fritz Lang.

E foi exatamente nesse período que fomos apresentados aos primeiros personagens que se tornariam grandes ícones do horror. O Golem - Como Ele Veio ao Mundo nos apresenta a gigantesca Criatura de Barro possuída pelo demônio Astaroh, O Gabinete do Dr Caligari nos trouxe o sonâmbulo Cesare, interpretado pelo maravilhoso Conrad Veidt e Nosferatu nos brindou com a figura assustadora do Conde Orlok, numa atuação magistral do grande Max Schreck. 

De olho na efervescência cinematográfica que acontecia na Alemanha, Hollywood procurou seguir essa tendência e trouxe vários diretores alemães que influenciaram muito o horror americano daquela época. Cineastas imigrantes como Paul Leni nos brindou com o espetacular O Gato e o Canário (1927) e Benjamim Christensen dirigiu o assustador Nos Domínios de Satã (1929). Esses filmes juntamente com a obra prima Aurora (1927) do mestre F. W. Murnau introduziram o estilo alemão nas produções americanas.

É exatamente nesse momento que surge aquele que se tornaria o maior nome do horror nos anos 20… Lon Chaney, o Homem das Mil Faces. Os filmes de Chaney foram verdadeiros sucessos de bilheteria e ele geralmente interpretava homens loucos e desfigurados, deixando a plateia morrendo de medo diante das criações do ator (que fazia as próprias maquiagens). Produções como O Corcunda de Notre Dame (1923) de Wallace Worsley, O Fantasma da Ópera (1925) de Rupert Julian e O Monstro do Circo (1927), uma de suas inúmeras parcerias com o diretor Tod Browning, foram verdadeiros fenômenos e colocaram Chaney como um verdadeiro ícone do terror do início do século 20.

Com a estreia de O Cantor de Jazz (1927) de Alan Crosland, o som chegou aos cinemas e o terror alcançou um nível de popularidade ainda maior com a chegada do Universo de Monstros da Universal. Filmes como Drácula (1931) de Tod Browning e Frankenstein (1931) de James Whale e outros continuaram a tradição do horror (agora falado) nas telas de cinema.

Mas esse tema é assunto pra um próximo texto…