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Análise do filme “O Último Azul”

  • Categoria: Critica de Filmes
  • Publicação: 20/09/2025 17:53
  • Autor: Bia Malamud

“O Último Azul”: Uma saga distópica no Brasil Profundo


Produção: Brasil, Chile, México, Países
2025 •  cor •  90 min 

    Ele é bonito, mas talvez, não lindo. O que explica o sucesso internacional de Rodrigo Santoro, que agora estrela “O Último Azul”? Suas participações em filmes como “Carandiru”, “Bicho de Sete Cabeças” e, especialmente, “Abril Despedaçado” o alçaram à fama internacional.

    Agora ele está brilhante como o barqueiro Cadu, em “O Último Azul”, filme do diretor Gabriel Mascaro, que venceu o Urso de Prata, em Berlim. Ao lado da veterana Denise Weinberg, como Tereza, Rodrigo aparece pouco em cena. Mas, definitivamente, sua atuação é um deleite para os olhos do espectador. Já Denise, uma das fundadoras do Grupo Tapa, de teatro, estreou nos cinemas atuando no filme “Guerra de Canudos” (1997), de Sérgio Rezende

    Ambientado em algum lugar nos confins da Amazônia, o filme é uma distopia em que, mesmo num local tão distante dos grandes centros urbanos, praticamente tudo o que se refere às pessoas da Terceira Idade é controlado pelo Governo.

    A guarda dos maiores de 77 anos é dada aos filhos, que, praticamente, exercem poder de vida e morte sobre os idosos. Há até um curioso veículo alcunhado “cata-velhos” para levar os insurgentes para um determinado entreposto de velhinhos, antessala da morte, que é frequentemente mencionado.

    A fotografia do mexicano Guillermo Garza é belíssima e permite que admiremos a linda bacia hidrográfica amazonense em imagens a partir de barcos e de aviões. O filme também mostra os pequenos vilarejos amazonenses com suas ruas estreitas, mercados à beira-rio e outros ambientes deste Brasil profundo.

    Há uma estranha confluência entre essas imagens tão brasileiras e o clima distópico de “O Último Azul”, que remete à ficção científica. Nesse universo, mesclam-se elementos fantásticos, jogatina e religião enquanto Tereza se embrenha rio adentro e passa a interagir, sem travas, com outras pessoas que cruzam seu caminho.

    Por fim, observa-se uma obra marcada por um discurso contra o etarismo pois mostra que Tereza ainda tem muita alegria, perspicácia e amor pela vida e pelas pessoas.

Bia Malamud