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Teste da Linguinha é obrigatório em maternidades e garante diagnóstico precoce da língua presa

  • Categoria: Saúde
  • Publicação: 04/09/2025 15:14

Exame gratuito identifica alterações no freio lingual, que podem comprometer a amamentação e a fala

Não é possível determinar o número exato de pessoas no Brasil com anquiloglossia, mas estudos realizados em recém-nascidos indicam uma prevalência que varia entre 2,6% e 17%. Outros estudos, com metodologias diferentes, apresentaram taxas de 4,3% e 4,8%. A prevalência pode variar dependendo da metodologia de avaliação, da população estudada e dos instrumentos utilizados para diagnosticar a condição.

Para avaliar essa condição, bebês recém-nascidos devem passar pelo exame do frênulo lingual, conhecido como Teste da Linguinha. “Exame obrigatório e gratuito nas maternidades públicas, o Teste da Linguinha é simples, rápido e indolor, realizado em recém-nascidos para identificar a anquiloglossia, popularmente conhecida como língua presa”, explica a otorrinolaringologista pediátrica Juliana Caixeta.

A avaliação do frênulo lingual faz parte do exame físico do recém-nascido e deve ser realizada por profissionais da equipe de saúde que atendam o binômio mãe e bebê na maternidade, entre 24 e 48 horas de vida, devidamente capacitados para essa avaliação.

O exame não dói e permite detectar alterações na membrana da língua que podem interferir na qualidade da amamentação e no desenvolvimento da fala, mastigação, deglutição e higiene oral.

A anquiloglossia é caracterizada por um frênulo lingual curto ou espesso, que pode dificultar a amamentação, a fala e até a mastigação. No Brasil, o exame é obrigatório desde 2014, quando a Lei nº 13.002 determinou sua realização em todas as maternidades, públicas e privadas. O exame pode ser feito por qualquer profissional de saúde que assista à criança, como pediatra, otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo, desde que capacitado.

Associada ao exame do frênulo lingual, é recomendada a avaliação da mamada, pois uma anomalia na língua pode dificultar a pega, causar fissuras mamárias e interferir no ganho de peso, fatores que contribuem para o desmame precoce. Durante a amamentação, é importante verificar a anatomia e a força de sucção do bebê.

Segundo a otorrinolaringologista Juliana Caixeta, existem diferentes métodos descritos na literatura para avaliar o freio lingual. “Na maioria das vezes, é feita a análise da anatomia e dos movimentos da língua. Nem toda alteração gera prejuízo, mas quando há impacto clínico, especialmente na amamentação, a intervenção pode ser necessária”, explica.

O exame é essencial nos primeiros dias de vida porque, em alguns casos, a língua presa pode provocar dor à mãe durante a amamentação. Em situações confirmadas, o Sistema Único de Saúde cobre todo o tratamento, incluindo a frenectomia, procedimento cirúrgico simples que libera o movimento da língua.

“Os principais benefícios do teste incluem o diagnóstico precoce da língua presa, antecipando eventuais dificuldades na amamentação. Na maioria das vezes, a anquiloglossia não causa atraso de fala nem dificulta a mastigação”, esclarece Juliana Caixeta.