Análise do filme Laranja Mecânica (1971)
Direção: Stanley Kubrick
- Categoria: Critica de Filmes
- Publicação: 31/08/2025 14:21
- Autor: Rauny Moreira

Polêmica e alucinante, a adaptação do livro "A Laranja Mecânica", de Anthony Burguess, chegou aos cinemas em 1971, brilhantemente dirigida por ninguém menos que Stanley Kubrick; hoje uma lenda, talvez o maior diretor da história. Na época, um visionário, um homem que nos trouxe uma história fantástica.
Num futuro distópico, Alex, interpretado por Malcolm McDowell, comanda sua trupe juvenil de delinquentes, os "Druguis", em Nadsat, idioma que mescla russo com um inglês britânico, adolescentes. A ironia, o terror, a lição de moral, o plano sequência inicial; Kubrick nos mostra um futuro sem lei e sem freios para jovens dispostos a derramar "krovi" no chão.
Um método experimental chamado Ludovico é aplicado em Alex, impondo-lhe repúdio e asco por cenas violentas repetidas e repetidas vezes. Isso, após este cometer um assassinato, com o intuito de mudar seu comportamento e sua maneira deturpada pela qual enxerga o mundo. Mas será que isso funciona? Seria essa a forma correta de ressocialização?
Isso era demais para a pequena "guliver" das pessoas da época, censuraram a película em diversos países devido à violência escancarada e às cenas um tanto quanto libidinosas. O longa é a marca do diretor, os enquadramentos perfeitos, a capacidade de usar as cores e os ambientes multicoloridos como uma homenagem ao psicodelismo que já vinha enfraquecendo em 71, talvez renascido no futuro onde o filme se passa. É fã de Cantando na Chuva? Pois aposto que nunca mais você ouvirá "Singin in The Rain" da mesma maneira.
O diretor choca, inova, ousa, domina com maestria cada emoção passada através da tela. Se vivo, Stanley seria cancelado com certeza, se foi demais para as pessoas da época, também seria para as de hoje. O engraçado é que o "velho entra e sai" está mais em evidência do que nunca, a "ultraviolência" virou até música da Lana Del Rey. Claro que nosso tempo não possui total desordem como no tratado no longa e no livro, mas convenhamos, não estamos assim também tão distantes de um colapso geral.
O que Burguess iniciou com muita originalidade, Stanley expandiu, não só horizontes, mas além. Inúmeros campos como a psicologia do comportamento, a filosofia da ética, "bons costumes", termo até antiquado mas que carrega um peso histórico muito forte. Tudo nos ombros do protagonista fã de Ludwig Van, um estilizado Alex DeLarge, um personagem que influenciou e influencia até hoje.
Laranja Mecânica não é só um filme, é um estudo de caso, sobretudo para a linha behaviorista da psicologia. Tão grandioso como qualquer um da nossa até recente sétima arte. É e continuará sendo não só um clássico imortal, muito mais que isso, é a obra prima de um dos maiores mestres, que soube adaptar em um filme de pouco mais de duas horas, a genialidade de outro mestre da literatura inglesa.
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