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Hytalo Santos: o jogo da exploração

  • Categoria: Atualidade
  • Publicação: 18/08/2025 14:49
  • Autor: Matêus reis
Hytalo Santos, de 28 anos, foi preso em São Paulo na última sexta-feira, 15 de agosto, junto com o marido, Israel Nata Vicente, acusado de tráfico de pessoas e abuso de menores.  O caso, que vem sendo investigado pelo Ministério Público do Trabalho da Paraíba em parceria com a Polícia Civil, revela uma rotina de controle e exploração dentro da mansão onde o jovem vivia com adolescentes. 

Ex-funcionários ouvidos sob anonimato descrevem um ambiente de vigilância constante, no qual os jovens tinham horários rígidos para comer, dormir e até usar o celular.  A ida à escola, exibida em vídeos nas redes sociais, era muitas vezes apenas encenação.  Na prática, alguns chegavam a ficar até cinquenta dias consecutivos sem frequentar aulas, sempre que compromissos do criador de conteúdo interferiam na rotina. 

O ambiente também era marcado por festas com bebidas alcoólicas, liberadas para menores, e condições de moradia precárias, com higiene e alimentação dependentes da autorização do influencer.  Os relatos apontam ainda que os aparelhos eletrônicos dos adolescentes eram mantidos trancados em caixas com cadeado, impedindo o acesso dos jovens.  A mansão funcionava como um verdadeiro reality show forçado.  Os adolescentes eram obrigados a gravar conteúdos diários, incluindo coreografias de cunho sensual, que eram publicados em perfis com milhões de seguidores e geravam lucro com publicidade, rifas e sorteios.  Para o Ministério Público, isso caracteriza exploração de trabalho infantil. 

Outro ponto crítico é o pagamento mensal feito às famílias, na maioria de Cajazeiras, na Paraíba.  Entre dois e três mil reais por mês permitiam que os filhos permanecessem na residência, mesmo que o Conselho Tutelar não tenha recebido denúncias formais.  Entre os episódios mais graves, uma adolescente engravidou e perdeu o bebê durante o período em que esteve na mansão. 

O caso ganhou repercussão nacional após denúncias do youtuber Felca.  Só depois disso, plataformas como TikTok, YouTube e Instagram suspenderam a monetização e bloquearam os perfis do paraibano.  Na prisão, cada um dos investigados tinha quatro celulares, reforçando a suspeita de que o casal já esperava os mandados de prisão e poderia tentar se evadir.  A defesa, porém, alega que a viagem era turística e classifica a prisão como “um exagero tremendo”. 

O Ministério Público sustenta que há provas de aliciamento e exploração de menores em diferentes cidades.  Os adolescentes foram devolvidos às famílias, mas as investigações continuam para esclarecer todas as responsabilidades.  O que fica claro é que, por trás do brilho das redes sociais e do luxo, havia uma rotina de controle, abuso e exploração que não pode passar despercebida.