Por que ainda precisamos do teatro e do circo em tempos de streaming?

Teatro e circo em tempos de Streaming: por que ainda precisamos do palco?

Vivemos em um tempo em que o entretenimento está a um clique. Plataformas de streaming nos oferecem filmes e séries, alguns espetáculos a qualquer hora, em qualquer lugar. Basta apertar o play. Em meio a tantas telas, há artes que insistem em permanecer vivas, pulsantes, presentes como o teatro e o circo. No entanto, com o passar do tempo, o interesse do público foi se apagando, e ir a um espetáculo se tornou um privilégio de poucos.

Ao contrário do cinema, o teatro não permite pausa, nem replay. Ele acontece no agora e apenas ali. Cada apresentação é única. Cada reação da plateia altera o ritmo do espetáculo. O suor do ator, a respiração do público, o som de uma cadeira rangendo, alguém rindo mais alto ... tudo faz parte da experiência. O teatro exige presença. E talvez seja justamente isso que o torna tão necessário hoje. Pra mim é importante estar em uma apresentação, seja no teatro, ou no circo. Esta interação do ator, do palhaço com o público é que faz o coração pulsar, a gargalhada de uma cena engraçada que vai ficar na memória por um longo tempo, sair, respirar....

Em uma era marcada pela dispersão, o palco nos convida à concentração. Em tempos de conexão virtual, o teatro propõe um encontro real, onde artistas e espectadores compartilham o mesmo tempo e o mesmo espaço. Há uma troca invisível, e visível, entre quem representa e quem observa. Não há filtros. Não há cortes de câmera. É o humano diante do humano. Há os erros que rimos por dentro sem deixar constranger o outro, mas que apreciamos e refletimos: e se fossemos nós?

O teatro é resistência. É onde podemos rir da vida, chorar as dores que não sabemos nomear, refletir sobre o mundo que criamos e, quem sabe, imaginar outros possíveis. Por mais que a tecnologia avance, o que o palco oferece é insubstituível: o calor do encontro, o contato com a imaginação.

Como já dizia o dramaturgo alemão Bertolt Brecht:

"O teatro deve fazer o espectador pensar, e não apenas sentir."

A pergunta, então, não é se o teatro sobreviverá ao streaming. A pergunta é: como sobreviveremos sem ele? Estar diante dos palcos é estar conectado. É estar vivo, presente, inteiro. É viver algo que simplesmente não acontece no sofá da sala. É sair de casa, cruzar olhares com desconhecidos, trocar experiências e aprender a cada novo espetáculo.

Diante de tudo isso, fica a pergunta: sobreviveremos sem essa experiência?