Os bastidores em Brasília esquentaram após os desdobramentos internacionais envolvendo o nome de Moraes. Ele foi alvo de sanções econômicas e diplomáticas impostas pelo governo dos Estados Unidos, que o acusa de supostamente violar liberdades civis durante o julgamento de casos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida americana, amparada pela chamada Lei Magnitsky, reacendeu o debate sobre os limites da atuação do Judiciário no Brasil.

Lideranças de diferentes partidos, principalmente das alas mais conservadoras, têm pressionado o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para que analise formalmente os pedidos de impeachment já protocolados contra Moraes. Apesar da resistência de setores da esquerda e do próprio Palácio do Planalto, o avanço das discussões entre os parlamentares sinaliza um cenário de desgaste institucional que deve se intensificar nas próximas semanas.

Em entrevista recente, o senador Eduardo Girão (Novo-CE), um dos principais defensores do processo, afirmou que “a paciência do Senado com o autoritarismo do Supremo está no limite” e que “ninguém está acima da Constituição, nem mesmo ministros da Corte”. O tom das declarações reflete o ambiente de tensão entre os Poderes.

Nos bastidores, senadores avaliam que o crescimento da pressão popular e o impacto negativo das sanções internacionais podem abrir espaço político para que a pauta ganhe protagonismo no Congresso. Manifestações de rua registradas em São Paulo, Brasília e Belo Horizonte nesta semana incluíram faixas pedindo a saída de Moraes do STF. O desgaste da imagem do ministro também vem sendo potencializado por segmentos da imprensa internacional, que classificam a atual crise institucional como uma ameaça ao equilíbrio democrático no Brasil.

Apesar do avanço da articulação, o caminho até a abertura formal de um processo é longo. A decisão final depende da vontade política da presidência do Senado, que até agora tem evitado se comprometer publicamente. Ainda assim, a possibilidade de um julgamento se tornou tema recorrente nas reuniões de bancada e já influencia cálculos eleitorais de senadores que buscam se alinhar à opinião pública mais conservadora.

A assessoria de Alexandre de Moraes foi procurada, mas preferiu não se pronunciar. O Supremo, por sua vez, reforçou em nota institucional que a atuação de seus ministros segue “os estritos limites constitucionais” e que qualquer tentativa de retaliação compromete a estabilidade do regime democrático.