Depois de assistir o Jornal Nacional de quinta-feira fiquei muito preocupado com a situação dos apicultores do Piauí. Já estão sofrendo com a monstruosa sobretaxa de 50% sobre o produto que exportavam para os Estados Unidos. Com os usineiros de alumínio e aço já não  me preocupei tanto. Rezo porém que os trabalhadores sejam poupados e mantidos em seus empregos.

Senti um alívio quando vi que os maiores exportadores nacionais, Embraer e Petrobrás, junto com produtores de suco de laranja, foram poupados pelo furor taxador do presidente dos Estados Unidos.

Alguns jornais, revistas e colunistas estavam me deixando nervoso. A  capa da Veja diz "Vai doer". Uma colunista anunciava num diário, daqui a alguns dias será o desastre. Ai meu Deus!

Só quando  me  afastei  da banca de jornais e entrei no supermercado pude me acalmar. Procurei nas diversas gôndolas algo seria afetado pelo tal "desastre". Só achei, entre os produtos que, tudo indica, cairão  na malha da sobretaxa americana ( se não houver mudança nos últimos minutos do segundo tempo) a carne e o café. Este último vinha pesando na despesa dos brasileiros. Se perder algum mercado nos Estados Unidos, terá que vender mais barato por aqui mesmo. Nada mal. Com a carne é  possível que aconteça o mesmo.

Enfim, o tal tarifaço não afetará muito o bolso da população. Longe do estardalhaço e o fim  dos tempos  anunciados por alguns  veículos de imprensa e colunistas.

O próprio  Jornal Nacional, de quinta-feira, me deu outros motivos para me tranquilizar. Anunciou que 46% das exportações brasileiras para os Estados Unidos já estão fora do tal tarifaço. Alguns jornais americanos pegam no pé do ocupante da Casa Branca, dizendo que no fim das contas ele sempre volta atrás, chicken out, no idioma deles.

Esses insufladores brasileiras das preocupações alheias poderiam ter também alguma pena do pobre leitor. E não levar tão a série esse Boss gringo, em vez de querer dar ordens e conselhos ao brasileiro.

Os números, como gostam os economistas, ainda podem nos dar mais um dose de tranquilizante. As exportações representam menos de 15% do PIB brasileiro. Dentro dessa fatia, as que seguem para os Estados Unidos representam outros 15%. Ou seja 15% de 15%. Se tirar isso de um pedaço de queijo não sobra quase nada. E desse restinho, metade tá fora da tal ameaça anunciada. Convenhamos, o leão miou.