Mudança forçada de identidade: brasileiros alteram seus nomes no Japão
Para escapar de rejeições, estrangeiros modificam suas próprias identidades
- Categoria: inclusão
- Publicação: 23/05/2025 16:58
- Autor: Amauri Gomes

A comunidade de brasileiros residentes em terras japonesas é uma das maiores do país, chegando a ultrapassar o número de 280 mil segundo os registos oficiais no país mas isto, não significa que estes não passem por situações de constrangimento em alguns casos.
Por meio de relatos mesmo dos que possuem traços nipônicos, é na busca por um emprego, assim que se revela sua real identidade por meio do nome. Atualmente o número de estrangeiros ultrapassa os 3 milhões de residentes, além de mais de 8 mil naturalizados. Os brasileiros são o quarto maior grupo até então.
Rejeição velada
Antônio Kotaro Hayata, advogado graduado em Direito pela PUC – SP com MBA em Finanças pela FIA / USP e nascido em São Paulo, é um exemplo disto, removendo o seu primeiro nome para evitar constrangimentos. Agora chama-se oficialmente Kotaro Hayata após a naturalização.
Antes, sua esposa mesmo sendo japonesa, não conseguia registrar o sobrenome de seu noivo na época em que Antônio era considerado estrangeiro, o que fez ela entrar com uma ação judicial pois a restrição também se estendia as filhas.
Outro caso é do casal de brasileiros Eline e Cleiton Haguiwara, com 39 e 42 anos respectivamente. Com a intenção de proteger as suas filhas Lívia (12 anos), Lorena (10 anos) e seu filho Logan (5 anos) que na época tinham estas idades, houve também a alteração de nomes para cada um passando a se chamarem em sequência Yuna ,Aika e Keito.
- Foto: Província de Gunma - maior comunidade brasileira no Japão
Legislação local
Até existe no país uma Lei que proíbe a discriminação pelo empregador por conta da nacionalidade, religião ou status social mas pouco eficaz. O motivo se dá por esta não conter uma punição na prática, servindo apenas como recomendação.
Estratégias para amenizar
Além de exemplo de Antônio que retirou o primeiro nome para se proteger de possíveis rejeições, outra estratégia utilizada por brasileiros é a escrita por ideogramas e o uso do Kanji, um dos sistemas e caracteres da escrita japonesa, fazendo diferentes combinações inclusive para crianças e adolescentes que apesarem de terem nascidos em terras nipônicas sendo filhos de estrangeiros, não são considerados japoneses de fato. É comum a existência de livrarias com livros que dispõem de conteúdos com sugestões de nomes no idioma local, sendo uma opção para estas pessoas consultarem.
Livraria de bairro japonesa. Foto: reprodução
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