De herói para vilão: a descrença de um populista
Politico japonês vê ruir o que construiu por posições extremistas e seguidos escândalos
- Categoria: Politica e Sociais
- Publicação: 16/05/2025 16:54
- Autor: Amauri Gomes

O exemplo de que uma carreira de certo sucesso possa desabar em pouco empo, sobretudo pela quantidade e velocidade atual em massa de informações foi dado no Japão. Takashi Tachibana, um contador, político e jornalista, é o nome que ilustra este acontecimento.
Membro da Câmara dos Vereadores do Distrito de Katsushika e fundador do Novo Partido Horiemon (2020) – em alusão ao anime Doreamon – além de opositor ao antigo Partido Socialista Japonês - foi também assistente executivo da maior emissora do país, a NHK, o qual entrou em rota de colisão ao demonstrar sua faceta até então desconhecida. Também é ex-deputado da Assembleia Municipal de Funabashi, tendo inicialmente concorrido a cargos no Conselho Municipal de Settsu e de Machida em 2013 e 2014 respectivamente.
Em 2016 e 2020 foi candidato à Governador de Tóquio perdendo ambas as eleições, e exerceu o cargo de Contador e Produtor da Rede de Televisão NHK, no período de 1997 a 2005.
Durante a sua atuação na imprensa, Tachibana começou a denunciar um suposto esquema de cobranças ilegais contra telespectadores por parte da emissora, no qual mais a frente terminou com a sua demissão. Após o ocorrido, teve uma fama positiva perante ao público.
A acusação consistia em cobranças de porta em porta de quem acessava o canal, mesmo este sendo em TV aberta. Representantes batiam à porta após o monitoramento de pessoas comuns para uma espécie de entrevista, onde perguntavam se essas eram seus telespectadores e ao afirmarem que sim, faziam cobranças sob alegação de que eram privilegiados por terem acesso à notícias em primeira mão, diferente de outros canais. Isto gerava revolta, e o ex-executivo montou uma equipe para auxiliar as vítimas.
Nascia em 2013 o “Partido de Não Pagamento para Proteger o Povo da NHK”, mudando o nome mais tarde para “Partido para Proteger o Povo da NHK”.
A ajuda consistia basicamente em colar um adesivo na porta da residência. Caso um funcionário da NHK fosse até o local, o morador apontaria para este contendo um telefone e solicitando que o mesmo entrasse em contato com o escritório que o representava, com a promessa de que a situação ali seria resolvida.
Foto: Tachibana segurando o adesivo distribuído para apoiadores
Até então, a reputação do ex-membro da NHK só aumentava entre o público que era alvo deste tipo de ação, mas tudo mudou quando foi ao ar uma entrevista em outro canal mostrando que na verdade, tudo se tratava de mero populismo.
Do alto ao chão
Neste ano de 2025 foi vazado um vídeo antigo no Youtube, onde Tachibana saiu em defesa do cometimento de genocídio para controle populacional e fim de ajuda a países pobres por parte do governo. Segundo ele, a pobreza em países emergentes seria uma ordem natural e divina, mas acentuada por idiotas que geram filhos igualmente idiotas aos montes, como se fossem cães que seriam impossíveis de serem orientados.
O politico alegou que não faria isto com as próprias mãos mas, que era necessário. Após a má repercussão, declarou que havia dito tudo somente com a intenção de conseguir uma maior cobertura da mídia.
Consequências
O estrago já estava feito, e as reações começaram a acontecer. Recentemente, mais precisamente em 14 de Março deste ano (2025) durante um comício com apoiadores que aconteceu em frente ao Ministério da Economia, Comércio e Indústria na capital Tóquio, o político após atender um militante foi atacado por outro homem armado com um machado que desferiu um golpe em sua orelha, atingindo também outra parte de seu rosto.
O agressor foi detido por tentativa de homicídio. Tachibana teve ferimentos leves, posteriormente comentando o fato em entrevista após algum tempo.
Foto reprodução: entrevista coletiva concedida dias após o atentado
Histórico controverso
Antes mesmo deste episódio, o politico já colecionava outras polêmicas. Em 2019, o mesmo fez um vídeo vazando informações pessoais de assinantes da NHK, quando era ainda membro da Rede de Televisão. Diante disto, a TV teve que fornecer explicações ao publico, e o seu funcionário respondeu judicialmente por Obstrução Forçada de Negócios, resultando em uma condenação no ano de 2022 com pena de 2 anos de prisão.
Anteriormente, ele também foi condenado em outra ação civil por gravar outro vídeo contra um opositor, afirmando que o seu adversário conhecia a fundo um delito ocorrido em uma creche particular em 2017, que ficou conhecida como Escândalo de Moritomo Gakuen, onde havia o envolvimento de práticas imperiais e anti-coreanas na grade escolar. Tachibana foi obrigado a pagar uma indenização de 300 mil ienes. Em 2019, o político alegou que sofria de transtorno bipolar e esquizofrenia. Além disto, no ano de 2020, o mesmo foi acusado de utilizar imagens e nomes sem autorização de um personagem para fundar o seu partido.
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