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Análise de "A Ilha dos Dr. Moreau (1996)"

Um dos filmes mais comentados e odiados dos anos 90, “A Ilha do Dr. Moreau” é o resultado de uma produção extremamente problemática, mas não é o desastre nuclear que todos dizem
  • Categoria: Critica de Filmes
  • Publicação: 14/05/2025 14:11
  • Autor: Givaldo Dias
. Em 1997, ano que o filme foi lançado em VHS pela Top Tape, eu me lembro bem de ter passado um dia inteiro esperando o filme chegar na Videomania, uma locadora que eu sempre frequentava, o dono confirmara logo cedo que naquele sábado a VHS chegaria na loja, e eu lá aguardando para rever depois de tê-lo visto no cinema meses antes, na ocasião de sua estreia na telona.
Horas depois, realmente o filme chegou acompanhando de um belo pôster (que faz parte de minha coleção desde então) e claro, sou o primeiro a locá-lo. Chegando em casa, hora de rever. Após os ótimos créditos iniciais (que já haviam me fascinado no cinema), somos apresentados a Douglas (David Thewlis), um sobrevivente de um naufrágio que logo após uma violenta briga com outros sobreviventes num bote salva-vidas é resgatado por Montgomery (Val Kilmer) e levado para uma ilha desconhecida aos redores do Mar de Java.
Chegando nessa ilha, Douglas é bem tratado por Montgomery que o explica que a ilha é um centro de pesquisas científicas, e que logo conhecerá o Dr. Moreau (Marlon Brando), responsável pelo local. Até aí tudo está ótimo para Douglas, só que começa a se sentir um prisioneiro no exato momento em que Montgomery o tranca numa sala dizendo-lhe que “é para sua segurança”, então Douglas consegue fugir e descobre a verdade sobre o lugar, a ilha é habitada por híbridos de animais com humanos, criaturas frutos dos experimentos do Dr. Moreau e todos são seus “filhos”.
Essa terceira adaptação do clássico literário de H.G. Wells passou pelas mãos de Richard Stanley, que ficou durante quatro anos preparando o projeto, e acabou sendo demitido poucos dias depois do começo das filmagens sendo substituído por John Frankenheimer. 
Como se já não bastasse esse início conturbado, o filme ainda sofreu com os atritos e crises de estrelismo de Marlon Brandon e Val Kilmer. Brando, quando surge em cena finalmente como o Dr. Moreau, usando uma maquiagem totalmente branca, um balde de pipoca na cabeça e sendo trazido num papamóvel é pra causar risos e tristeza ao mesmo tempo, quando lembramos de seus dias de glória no cinema.
No final das contas, “A Ilha do Dr. Moreau” tem uma boa dose de suspense, bons momentos de ação (em sua maioria já perto do final) e dá pra se divertir com as atuações exageradíssimas de Brando e Kilmer. O filme tem aquele clássico discurso de que não se deve brincar de ser Deus, aqui levado aos extremos e com consequências igualmente extremas.
A questão homem x ciência x natureza, criatura contra criador também é bem explorada, uma pena que o filme tenha tido tantos problemas, é visível que se não houvesse tantos atropelos na produção teríamos um filme muito melhor. No elenco ainda temos Fairuza Balk (que aparece em cena dançando uma música de Deep Forest) no papel da filha de Moreau, Ron Perlman que faz o “Predador da Lei” e Mark Dacascos (irreconhecível sob uma pesada maquiagem) fazendo uma das criaturas de Moreau, que é responsável por uma desastrosa reação em cadeia depois que comete um certo ato contra as leis da ilha. Para quem só assistiu nessa época do lançamento, recomendo uma segunda revisão. “A Ilha do Dr. Moreau” é, apesar de todo o fracasso retumbante de crítica e público, um filme bastante injustiçado.
Como complemento, recomendo fortemente também, assistirem ao excelente documentário “Lost Soul: The Doomed Journey of Richard Stanley's Island of Dr. Moreau”, que conta toda a confusão da produção do filme quando o cineasta Richard Stanley esteve (tentando ficar) no comando da direção do filme.