Peça Dzi Croquettes Sem Censura traz a história nunca contada do grupo teatral
Com dramaturgia de Ciro Barcelos, que fez parte da trupe, obra estreia em julho
- Categoria: Teatro
- Publicação: 11/05/2025 11:59
- Autor: André Luiz Brandão Cisi

Peça Dzi Croquettes Sem Censura - crédito: Ronaldo Gutierrez
Amados por uns, odiados pela ditadura militar, e, muitas vezes esquecidos pela própria classe teatral, os Dzi Croquettes chegam ao teatro como nunca se viu, na peça Dzi Croquettes Sem Censura. A dramaturgia é de Ciro Barcelos, um dos membros fundadores da trupe nos anos de 1970. A realização do espetáculo é da TMX Produções.
A peça estreia em curta temporada em São Paulo (SP), no dia 12 de junho, de quinta a domingo, às 20h30min, e no mês de julho, sábado e domingo, às 20h30min, no Teatro Itália (Av. Ipiranga, 344 - República).
"Falar do Dzi Croquettes hoje tem uma importância histórica, pois o Dzi não tem só uma história para ser contada, ele é a história. É mostrar a importância do grupo enquanto fenômeno cultural de luta e resistência ao regime militar. Sua influência nas mudanças dos costumes e comportamento de toda uma geração está expressa nos dias de hoje através das conquistas legais de direitos humanos e liberdade de expressão", explica Ciro, que contou com colaboração dramatúrgica de Julio Kadetti.
O espetáculo une teatro, dança e música, guardando a linguagem teatral peculiar do grupo que veio a influenciar toda uma geração de artistas, criando um novo vocabulário cênico. Com aprimorada consistência técnica, irreverência, criatividade e bom humor, o Dzi Croquettes surgiu com uma proposta inovadora e competente, agregando seguidores que fizeram deles um símbolo de resistência e luta pela liberdade de expressão.
Dzi Croquettes Sem Censura traz a trajetória deles em primeira pessoa, abordando não apenas a vida nos palcos, mas também a convivência entre 13 pessoas que dividiram também uma casa, uma história que nunca foi contada, revelando os bastidores no processo de montagem do grupo, a relação humana entre eles, suas alegrias e tristezas. São artistas em torno de um mesmo ideal de arte e resistência que os manteve unidos mesmo nos momentos mais difíceis, como a perseguição que sofreram pelo regime militar, levando-os a um exílio do país.
"O Dzi Croquettes está para sempre tatuado no meu destino. Foi uma experiência única, determinante na minha vida pessoal e profissional. Minha régua e compasso", define.
A partir do olhar de Ciro Barcelos, ator, coreógrafo e diretor teatral, remanescente do grupo original Dzi Croquettes, fundado em 1972 por Wagner Ribeiro e o bailarino Lennie Dale. O espetáculo reconstrói, pela primeira vez, os bastidores de um dos grupos mais instigantes e provocativos do teatro brasileiro em meio a ditadura militar daqueles tempos sombrios.
Ciro, que já assinou o espetáculo Dzi Croquettes Em Bandália, resgata sua própria vivência, trazendo histórias que não pode contar até hoje. "A minha experiência tendo feito parte da formação original do grupo é fundamental para recontar essa história vivida por mim, pois não existem muitos registros detalhados do que verdadeiramente foi e significou o encontro de 13 atores vivendo em comunidade em torno de um mesmo ideal".
Ciro interpreta a si mesmo e Lennie Dale, no espetáculo, que também traz Daniel Suleiman, no papel de Ciro na juventude; Fernando Lourenção, como Bayard Tonélli; Akim, como Carlinhos Machado; Celso Till, no papel de Claudio Gaya; Jonathan Capobianco faz o Rogério de Polly; Kaiala, atriz não binária, mostrará os dois lados vivendo Nêga Vilma e Benê; Feccini como Reginaldo de Polly; André Habacuque como Claudio Tovar; Bruno Saldanha é Paulette; e, por fim, Juan Becerra interpreta Wagner Ribeiro.
"Alguns atores foram convidados, outros selecionados em audições. Foi difícil devido ao fato de ser um espetáculo biográfico, e eu fiz questão de escolher integrantes com semelhança física aos integrantes do grupo original, que fossem bailarinos, atores e cantores", explica Ciro, que também é responsável pela coreografia, concepção cênica e direção geral.
Sinopse
DZI CROQUTTES SEM CENSURA reconstrói a história viva de um dos grupos mais revolucionários do teatro brasileiro. Em tempos de censura e repressão, eles criaram liberdade com seus próprios corpos, e 50 anos depois, a verdadeira história dos Dzi Croquettes volta aos palcos com esse espetáculo que mergulha nos bastidores de um dos coletivos artísticos mais provocativos e inovadores do país. Fundado em 1972 por Wagner Ribeiro e Lennie Dale, o Dzi Croquettes não apenas desafiou o regime militar, mas também expandiu as fronteiras da arte brasileira ao combinar teatro, dança e música em uma linguagem cênica que atravessou gerações. Mais do que relembrar um sucesso de público, o espetáculo revela a complexidade da vida em comunidade, a coragem diante da censura e o legado afetivo de uma geração que ousou sonhar e lutar.
FICHA TÉCNICA
Texto - Ciro Barcelos
Colaboração de dramaturgia - Júlio Kadetti
Direção - Ciro Barcelos
Supervisão Cênica - Kleber Montanheiro
Assistente de direção - Talita Franceschini
Preparação de elenco - Liane Maia
Elenco - André Habacuque, Akim, Bruno Saldanha, Celso Till, César Viggiani, Ciro Barcelos, Daniel Suleiman, Fernando Lourencão, Jonathan Capobianco, Juan Becerra, Kaiala
Iluminação - Gabriele Souza
Cenografia - André Habacuque
Assistentes de figurino: Henrique Versoni, Su Martins, Acrides Júnior, Fernando Callegaro
Direção Musical e Arranjos - André Perine
Direção Vocal - Bruno Santos
Preparação Vocal - Glaucia Verena
Direção de Produção - Tiago Xavier
Assistente de produção - Fernando Callegaro
Coreografia - Ciro Barcelos
Coreografia Bolero - Ronaldo Gutierrez
Assistente de Coreografia – Akim
Preparação Física - Christian Andrade
Produção Executiva - Mariah Gabriella
Catering - Casa 12
Idealização - Ciro Barcelos
Sobre Ciro Barcelos
Ator, bailarino, cantor, coreógrafo, encenador.
1970- Iniciou sua trajetória profissional integrando aos dezessete anos o elenco do Musical HAIR, sob a direção de Ademar Guerra e Altair Lima.
1971-Integrou a formação original do grupo Dzi Croquettes, tendo sido um de seus fundadores.
1973- Exilado do país com o Dzi Croquettes, permaneceu oito anos na Europa trabalhando e estudando teatro e balé: Theatre du Silence, Comédie Francese, Pina Bausch, Mudra (Maurice Bejárt) Yoshi Oida, Marcel Marceau.
Como bailarino dançou em companhias renomadas:
Ballet du XX Siécle (cia jovem) Ballet Theatre Joseph Russillo, CIA Felix Blaska, Cia Aline Roux. Oficinas de balé teatro com Pina Bausch.
Integrou o corpo de baile do Moulin Rouge de Paris.
Coreografou programas musicais da televisão italiana Rai Uno.
Coreografou o show de inauguração do Crazy Horses em Madrid, onde iniciou seus estudos de flamenco com o veterano Antonio Gades.
Ainda na França atuou como ator em filmes do diretor Claude Lelouche, Jacques Demy. Atuou em peças teatrais francesas.
1981- De volta ao Brasil assume coreografias da TV Globo para o programa Fantástico e especiais de dança. Cria a Cia Terceiro Mundo de teatro e dança, contemplada com vários prêmios de teatro e de dança.
Coreografa a famosa abertura do programa Fantástico na qual ele próprio dança emergindo das águas.
Dirige e coreografa os shows Homem Com H, de Ney Matogrosso, e fantasia, de Gal Costa.
1986 a 1990- A convite do empresário Abelardo Figueredo assume a direção coreográfica da casa paulista de shows: Palladium Eldorado.
Protagoniza o musical Jesus, com direção de Camila Amado e iluminação de Ney Matogrosso.
Dirige, coreógrafa e protagoniza a Paixão de Cristo, nos Arcos da Lapa, três anos consecutivos.
1992- Remonta o espetáculo DZI CROQUETTES juntamente com Lennie Dale.
1993- Estreia o espetáculo CIRCUMANO, de sua autoria e direção/ apresenta o espetáculo em vários países da Europa.
1995- Retorna ao Brasil, escreve e monta o MUSICAL FRANCISCO DE ASSIS, com o qual alcançou grande sucesso, permanecendo doze anos em cartaz, arrebatando prêmios e apresentando-se no exterior.
2008- Escreve, dirige e protagoniza o musical SANTO ANTÔNIO DO BRASIL.
2012- Montagem do espetáculo Dzi CROQUETTES em BANDÁLIA com o qual permanece 4 anos em cartaz.
2016- Em São Paulo, funda o Estúdio Arte-se, promovendo cursos e oficinas de teatro e dança.
2017-Convidado pela Universidade de Princenton, em Nova York, palestra sobre o Dzi Croquettes para uma plateia de 1500 estudantes de sociologia e antropologia.
2017 a 2021: Sempre vivendo em São Paulo, escreve e dirige os espetáculos ÀTMA, TROPICALISTAS, VÁ SE BENZER, O AUTO DE SÃO FRANCISCO, DZI BY CIRO BARCELOS.
2022 - Assume a direção cênica e de movimento de várias peças teatrais.
2023- Escreve e dirige o monólogo Prazer, Hamlet, interpretado pelo ator Rodrigo Simas. O espetáculo teve 10 indicações a prêmio, tendo sido vencedor de 5 categorias, entre elas a de melhor ator
Sobre a TMX Produções
A TMX Produções surge como um novo agente no cenário teatral brasileiro, fundada por Tiago de Melo Xavier - ator, publicitário e gestor de projetos com mais de uma década de experiência no mundo corporativo.
A empresa nasce do desejo de aplicar métodos de gestão eficientes ao universo artístico, criando espetáculos que resgatam capítulos fundamentais da nossa cultura e propõem novos diálogos com a sociedade.
A TMX Produções acredita em uma arte que se sustenta pela sua própria força, renovando o espírito da produção independente e estabelecendo um compromisso genuíno com a classe artística brasileira. Com uma postura crítica e inovadora, buscamos construir narrativas que atravessam o tempo e ampliam a memória cultural do país.
Sobre o fundador – Tiago de Melo Xavier
Natural de Rondônia, Tiago de Melo Xavier possui registro profissional como ator (DRT), formação em Publicidade e MBA em Digital Business.
Sua trajetória inclui mais de dez anos liderando projetos de alta complexidade no setor corporativo, desenvolvendo uma visão estratégica e prática que agora é aplicada ao teatro com a mesma seriedade e paixão.
Decidido a romper as barreiras tradicionais entre a arte e a gestão, Tiago cria a TMX Produções como um espaço de inovação, resgate histórico e responsabilidade social, alinhando sua experiência profissional a uma profunda crença no poder transformador da cultura.
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