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Trinta anos da Charada - Passado, Presente e Futuro

Esse texto é dedicado ao saudoso Carlinhos, só ele sabia onde estavam cada um dos filmes
  • Categoria: Espaços Culturais
  • Publicação: 01/05/2025 18:00
  • Autor: Ítalo Morelli Junior
Na metade dos anos 90 o vídeo cassete já não era tão novidade assim e ir até uma vídeo locadora era um hábito comum. Só que a experiência de alugar um filme deveria ir além de simplesmente entrar no recinto, escolher o VHS e sair e foi pra suprir essa necessidade que a Charada se tornou o ponto de encontro de muitos cinéfilos, inclusive eu.
Entre a procura por filmes antigos, que também eram novidades no formato home vídeo, a espera por novidades, dicas e troca de opiniões, estava lá o inoxidável Gilberto Petruche, cinéfilo, fã de Glauber Rocha e um grande defensor do nosso cinema brasileiro. 
Com muitas dificuldades, a Charada atravessou com louvor a transição do VHS pro DVD e depois pro Blu-Ray, tendo como principal desafio, a pirataria dos ambulantes, o download ilegal, a TV a Cabo e a chegada da Netflix, até então a primeira e única opção de streaming no Brasil. Como se tudo isso já não fosse o suficiente, Hollywood também mergulhou numa crise sem antecedentes, graças a uma onda de séries de TV que tirou as pessoas do cinema e as colocou na frente do computador.
Incansável e com fôlego de um iniciante, Gilberto seguiu em frente, mesmo quando os clientes entravam na Charada só pra bater papo. O vídeo cassete já era sucata, o aparelho de DVD estava com os dias contados e o Blu-Ray não fez o sucesso esperado em terras brasileiras. 
Tudo mudou quando Eduardo Osmédio, o Du, teve a idéia de fazer da Charada um Centro Cultural, trazendo bandas de rock para se apresentarem na antiga sala pornô, sendo ele também músico integrante do Haxinxins, respeitada banda de rock psicodélico e também do Capitão Bourbon  - ambas chegam a lotar os espaços da Charada entre as estantes de filmes. Mas não parou por aí. Apresentações de Stand Up Comedy, exibição de filmes consagrados com debates dos quais eu participei, festival de curtas-metragens e até sendo usada como cenários para diretores realizarem seus trabalhos. Expandindo seu legado, expandiu-se também a quantidade de pessoas que se conheceram lá e mantiveram a amizade ao longo dos anos. 
Trinta anos é muito chão. São três décadas, com uma pandemia e muitas crises políticas e econômicas. São milhares e milhares de dias, quase um terço de século, muitas histórias, muita cultura e a vida acontecendo.
O futuro da Charada? É uma charada, um mistério.
Que tenha mais 30 anos pela frente. No mínimo.
Evento C/Emilio Fontana na Charada Video Locadora - YouTube
Cidade em Retratos: Gilberto Petruche, dono de uma das últimas  videolocadoras de SP

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