"No hay banda. Silencio!" Sem dúvida, eis uma das mais icônicas frases cinematográficas, do início dos anos 2000. E, inacreditavelmente, graças ao relançamento de "Cidade dos Sonhos" (2001) nos cinemas, em cópia restaurada em 4K (infelizmente, em pouquíssimas salas, como já era de se esperar), finalmente, tive o enorme prazer de ver uma das principais obras-primas do já saudoso David Lynch (1946-2025) numa sala de cinema. Em resumo, um ótimo thriller (suspense) com generosas e surpreendentes gotas de surrealismo. Não por acaso, há uma clara referência ao ultra-clássico "A Bela da Tarde" (1967) de Luis Bunuel, em determinado momento de "Cidade dos Sonhos". Obs: aliás, Lynch foi, sem dúvida, o cineasta que melhor conseguiu a façanha de trazer elementos do surrealismo para o universo do cinema mainstream, tornando-os razoavelmente "acessíveis" ao grande público. E o que dizer sobre Naomi Watts nesse filme? Como seria possível não se apaixonar imediatamente e perdidamente, seja por seu talento, seja por sua surreal beleza, neste que é, muito provavelmente, o papel (personagem) de sua vida. Sua não menos bela parceira de cena, Laura Harring, também merece destaque, sobretudo pelo fato de que, após sua inesquecível participação neste grande clássico, praticamente não realizou mais nada de verdadeiramente relevante, ao longo de sua carreira...