Uma das atrizes francesas mais celebradas fora de seu país, Juliette Binoche chamou a atenção pela primeira vez por sua atuação em Eu Vos Saúdo, Maria (1985), que chegou a ser proibido pela censura brasileira. Outras atuações que merecem destaque foram em Sangue Ruim (1986), A Insustentável Leveza do Ser (1988), Os Amantes de Pont Neuf (1991), A Liberdade é Azul (1993), O Pacientes Inglês (1996) pelo qual recebeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante e Chocolate (2000) pelo qual foi indicada ao Oscar na categoria principal.

Escolhi para ilustrar este texto, uma cena do filme Perdas e Danos (1992) do diretor Louis Malle. Juliette, então com 28 anos estava no auge da beleza e da juventude, os cabelos negros e curtos emolduravam o seu rosto, cuja expressão, fria e impassível, era completamente condizente com sua personagem - a forasteira Anna, que se envolve com um membro do parlamento britânico (Jeremy Irons), pai de seu noivo (Rupert Graves). Sem precisar de muitos elementos para elaborar sua personagem, Juliette se conecta rapidamente com o público, que sabe desde sua primeira aparição em cena que Anna será o eixo gravitacional de toda a trama. Se Miranda Richardson no papel da esposa e mãe roubou a cena com seu monólogo final (o que inclusive lhe valeu uma indicação ao Oscar de atriz coadjuvante), Juliette foi a melhor Anna possível e sua imagem em close na cena final não nos sai da mente nem mesmo após o fim da projeção. Caso raro de interpretação que vai além do personagem, considero este o seu melhor momento no cinema até hoje.