Brasil 2025: O Espetáculo da Política e a Economia do Caos
- Categoria: Politica e Sociais
- Publicação: 06/03/2025 00:00
- Autor: Marli Durant/Editora da Agência de Notícias M São Paulo

“A história não se repete, mas rima.” Essa máxima ressoa cada vez mais ao observarmos o Brasil contemporâneo. Will Durant, ao narrar os ciclos das civilizações, alertava que a política não é um fenômeno isolado, mas uma consequência inevitável das condições sociais e econômicas. Quando a desigualdade atinge níveis críticos e a confiança nas instituições se desfaz, abre-se o caminho para soluções extremas, mitologias políticas e promessas de resgate nacional.
No Brasil de hoje, a extrema direita não é um fenômeno inesperado. Ela é o reflexo direto de uma sociedade que, pressionada pela insegurança econômica e pela desintegração dos laços coletivos, encontrou no discurso populista e polarizador uma saída para o desconforto. A promessa não é progresso, mas uma reversão ao passado, um retorno imaginado a um tempo em que as estruturas pareciam mais sólidas. O problema é que esse passado nunca existiu da forma como é narrado.
A economia desempenha um papel crucial nesse cenário. Thomas Piketty demonstrou como a concentração de riqueza gera instabilidades políticas e reforça o ressentimento social. Mas o ressentimento, aqui, não é apenas um fenômeno econômico—ele se estrutura também como um motor psicológico e moral. Nietzsche, ao diagnosticar o "homem ressentido", mostrou como aqueles que se sentem impotentes diante do mundo frequentemente transformam essa frustração em
uma moralidade reativa, onde a culpa é sempre projetada no outro. No Brasil, esse ressentimento foisequestrado politicamente: o trabalhador precarizado não culpa os verdadeiros agentes da desigualdade, mas sim um conjunto de inimigos fabricados—intelectuais, artistas, minorias,"globalistas". A precariedade, em vez de gerar solidariedade, foi moldada em um discurso de vingança contra supostos privilegiados.
E então chegamos à comunicação. Marshall McLuhan, ao prever a aldeia global, não poderia ter imaginado o poder da tecnologia na fragmentação das sociedades. Se antes os meios de comunicação serviam para consolidar consensos, hoje são ferramentas para criar universos paralelos. O Brasil não é mais um país unificado em torno de uma narrativa comum, mas um território de múltiplas realidades que não se encontram. A extrema direita soube capitalizar esse fenômeno, convertendo redes sociais em trincheiras de guerra cultural, onde a verdade é irrelevante e o impacto emocional é tudo.
A velocidade da informação apenas intensifica esse ciclo. Como McLuhan alertava, o meio é a mensagem: a política não é mais definida por ideologias ou projetos, mas pelo formato em que é transmitida. O tempo real das redes sociais exige reações instantâneas, indignação constante e certezas absolutas. O debate público foi substituído pelo espetáculo da polêmica e pelo loop infinito da “próxima grande crise”.
O que resta, então? A história nos ensina que sociedades que perdem a capacidade de construir consensos acabam em colapso ou transformação radical. Se a política virou espetáculo e a economia virou campo de batalha, existe um caminho de volta ou já nos tornamos um jogo de Lego, onde peças coloridas nunca mais vão se encaixar?
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