Retratos de uma mafiosa: a mulher mais perigosa do Japão
Nishimura Mako foi uma das poucas mulheres a integrar a Yakuza, a máfia japonesa
- Categoria: Geral
- Publicação: 31/01/2025 18:23
- Autor: Amauri Gomes

Com tatuagens que rementem ao Japão imperial e parte dos dedos das mãos em falta, Nishimura Mako guarda as marcas de ser uma mafiosa do grupo criminoso mais famoso japonês, a Yakuza. Com o machismo enraizado dos conhecidos criminosos, Mako era umas das poucas cabeças feminina da máfia, haja vista que normalmente as mulheres eram vistas pelos chefes como funcionárias clandestinas ou informais, limitando-se a cuidar dos jovens e fazer a ponte entre os seus líderes e maridos, sendo chamadas de Anesan (irmã mais velha, traduzido do idioma ninhongo).
Nishimura, que atualmente tem por volta de 50 anos, se envolveu com o crime aos 20, e se tornou a única mulher que participou de forma oficial do ritual que o grupo faz para um novo membro, chamado de Sakazuki. A tradição consiste em uma troca de copos com saquê, tradicional bebida do país, acontecendo assim uma espécie de batismo de boas vindas.
Raiz rebelde
Desde jovem, Mako já tinha uma revolta interna pela sua criação. Seu pai, um funcionário do Governo, era muito rígido e por vezes violento, utilizando-se de castigos físicos para disciplina, impondo um autoritarismo dentro de casa. De forma a escapar das agressões em que era vítima, Mako fez amizades com integrante de gangues de motoqueiros, conhecidos como Bozosoku, que lhe deram aulas de luta. Diante disto, conheceu um jovem membro da Yakuza, que ofereceu proteção além de mostrar como resolver conflitos, fazer extorsões e coletar outras mulheres para prostituição tendo bom retorno financeiro.
Após algum tempo, recebeu um chamado para ajudar um de seus amigos, que estava envolvido em uma briga e pedindo ajuda. Armada com tacos de baseball, ela conseguiu ferir seus agressores de forma muito violenta, chamando a atenção de um dos chefes da máfia que a chamou para o seu “escritório”, com a intenção de conhecê-la melhor. Nesta época, a jovem já havia passado por centros de detenção, fazendo sua família desistir de ajudá-la e assim, ela aceitou o convite para ser a mais nova integrante da máfia, inicialmente como um estagiária do clã.
Adentrando no submundo do crime
Fazendo parte do grupo, Mako conheceu uma prática que na verdade é um castigo para quem comete erros que prejudiquem o grupo de forma mais grave. A ação é chamada de Yubtisume onde o “infrator” para se desculpar com os seus superiores, corta parte do próprio dedo mindinho, como sinal de penitência. Após cometer uma “falha grave”, a “estagiária” teve que se autoflagelar, e acabou mais tarde por ajudar os que não conseguiam, ficando conhecida como “a mestre em cortar dedos”.
Chegando aos 30 anos de idade, começou a decepção de Nishimura, com o vício de metanfetamina, um dos principais negócios do clã. Ela começou a individualizar o seu próprio comércio e foi expulsa do seu grupo. Após isto, se relacionou com um rival, engravidando e cortando o seu laço com a máfia para ter uma vida tranquila depois do nascimento de seu filho. Porém por conta de seu passado e “marcas” de uma mafiosa, a sua condição a impediu naquele momento de ter uma vida normal.
Com dificuldade em encontrar um emprego regular, ela se casou com um chefe da Yakuza, e entrou para a prostituição além do tráfico de drogas. Depois de novamente ter engravidado, suas brigas com o esposo se tornaram cada vez mais violentas, com a polícia sendo chamada para intervir, onde o seu relacionamento acabou em separação, e Mako ficando com a custódia das crianças. Com isto, a mulher acabou voltando ao seu grupo original mas, por pouco tempo pois o seu antigo chefe no qual ela gostava havia mudado, e assim a fez se afastar definitivamente do clã.
Recomeço de vida
Mako se “aposentou” do mundo mafioso como outros membros masculinos: encontrou depois de muita insistência um emprego no setor de demolições e conseguiu uma casa mais modesta, passando a viver sozinha. Com mudança de postura e pensamento, dedica-se a caridade e sendo ajudada com também um ex-integrante da Yakuza, na administração de uma instituição que fornece ajuda a ex-integrantes da máfia japonesa, ex-presidiários e dependentes químicos, chamada de Gojinkai.
Depois de Mako Nishimura, houveram outras mulheres no grupo como Taoka Fumiko, mas não com o mesmo impacto e “hierarquia” que Nishimura conseguiu. Apesar disto, Mako rejeita ser conhecida como um “ícone” que causou tamanho choque no grupo mafioso e que quebrou a “regra” de ter sido até então, a única mulher “oficializada” do clã, mesmo se “gabando” de nunca ter perdido uma luta para um homem.
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