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Análise do Filme "Sombras de Goya"

Filme dirigido por Milos Forman com Javier Bardem e Natalie Portman
  • Categoria: Critica de Filmes
  • Publicação: 11/01/2025 23:45
  • Autor: Ricardo Corsetti

Estejam atentos, irmãos: se virem alguém dizer 'Templo' ao invés de 'Igreja', deve ser um judeu ou talvez ainda pior: um protestante". Obs: concordo imensamente com o "ainda pior" neste caso (rs). Assim falou, Frei Lorenzo no penúltimo e belo filme do grande Milos Forman: "Sombras de Goya"(2006). O filme em questão, foi um grande fiasco de bilheteria na época de seu lançamento. Grande injustiça, pois além de ser um primor em termos de reconstituição de época (cenografia e figurinos), a fina ironia com a qual aborda a retomada da Inquisição católica durante o período em que o pintor Francisco Goya denunciava justamente a conivência da Igreja Católica, sempre associada ao grande capital, no sentido de manter a massa sob controle; é mesmo de absoluta relevância histórica para que nunca esqueçamos o grande mal que tais "portadores da fé e da verdade absoluta" causaram à humanidade. Javier Bardem está diabolicamente divertidíssimo como "Frei Lorenzo", um sujeito que, aliás, poderia ser um típico político brasileira, pois muda de bandeira (posicionamento) com a mesma facilidade com que troca de camisa (ou batina): primeiro, um ardoso defensor da retomada das práticas inquisitorias na Espanha católica; e logo na sequência (após ser banido da mesma Igreja por conduta imoral), foge para a França napoleônica e converte-se, com o mesmo ardor, num grande entusiasta dos ideais de "liberdade, igualdade e fraternidade". Obs: a única que jamais muda em Frei Lorenzo, é seu absoluto oportunismo... Natalie Portman, por sua vez, vive a doce e bela Inês de Bilbatua, filha de um rico comerciante que desconhece, porém, a origem judaica de sua família, o que vai lhe custar a tortura e prisão por parte dos novos inquisidores católicos. Portman está bem no papel, mas nada de excepcional, é muito mais carisma e beleza do que propriamente uma grande atuação. O quase sempre magnífico ator sueco, Stellan Skarsgard, apesar de seu inegável talento, acaba virando um coadjuvante em seu próprio filme (visto que interpretava o próprio Goya) e isso se deve tanto à forma impagável com que Javier Bardem compõe seu divertidíssimo coadjuvante (Frei Lorenzo), como também a um erro do próprio roteiro que acaba colocando Goya, por diversos momentos, em segundo plano dentro da história. Merece destaque o "ponto de virada" da trama que aborda rapidamente o período da invasão francesa à Espanha, sob o argumento de que "era preciso libertar aquele povo da opressão Católica e conduzi-los aos ideais franceses do Iluminismo racionalista". Leia-se aqui, na verdade, expansão do Império Napoleônico. Afinal, aquilo que começou como uma luta anti-oligarquias (a Revolução Francesa), pouco tempo depois, converte-se novamente numa monarquia absolutista comandada por Napoleão, segundo o qual, porém, "representava a continuidade dos ideias da França revolucionária. Hum, tô sabendo...

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