O Bravo Guerreiro" (1968), Dir. Gustavo Dahl.
- Categoria: Análises e Críticas
- Publicação: 11/01/2025 23:17
- Autor: Ricardo Corsetti

seu partido (Partido Radical) padece de excesso de ideologia. Por outro lado, dizem que nosso partido (Partido Nacional) não possui ideologia. Na verdade, possuímos várias ideologias". Assim falou o senador, brilhantemente vivido por Mário Lago (1911-2002) em "O Bravo Guerreiro" (1968), Dir. Gustavo Dahl. Aliás, apesar do elenco absolutamente estelar: Paulo Gracindo, Hugo Carvana, Milton Gonçalves, etc; A verdade é que, durante boa parte da trama, Mário Lago (em momento magistral) simplesmente carrega o filme nas costas. Paulo César Pereio (1940-2024), como protagonista, por sua vez, demora pra de fato deslanchar, mas cresce bastante em termos de atuação e presença cênica, da segunda metade em diante da trama. A propósito: a narrativa é conduzida de forma excessivamente teatral. Obs: nenhum demérito aqui, em relação ao Teatro, apenas é preciso entender que Cinema e Teatro são linguagens diferentes. Embora pouco inovador em termos narrativos ou de decupagem, os excelentes diálogos (às vezes, um pouco longos demais), bem como a magistral atuação do já citado Mário Lago, realmente valem o filme. Obs 2: também é possível fazer um paralelo entre os fictícios "Partido Nacional", representado pela direita moderada, sempre "aberta ao diálogo", sobretudo quando há muito dinheiro envolvido; qualquer semelhança com nosso famigerado "Centrão" contemporâneo, não é mera coincidência. E o "Partido Radical", na verdade, representado pela esquerda democrática, na figura de um popular deputado (vivido por Pereio), que acredita ser necessário "abrir mão do radicalismo ideológico" e negociar com o partido e políticos da "situação" para assim, indiretamente, também chegar ao poder e ter espaço para impor suas "pautas sociais"; qualquer semelhança com o PT contemporâneo (cada dia mais aburguesado), também não é mera coincidência. Em resumo, filme verdadeiramente profético acerca dos futuros rumos da política made in Brazil. Destaque para a participação da belíssima Maria Lucia Dahl (1941-2022) como esposa do protagonista vivido por Pereio.
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