Pra não perder o trocadilho, depois de anos e não de apenas algumas horas, finalmente revi este clássico de São Martin Scorsese: "Depois de Horas" (1985) que, assim como "O Rei da Comédia" (1982), se trata de um Scorsese atípico, tanto por ser sua segunda incursão num terreno (gênero) que nunca foi sua especialidade, ou seja, a comédia, como também pelo tom quase fabular/fantástico da trama, quanto pelo desenvolvimento não necessariamente linear da narrativa. Obs: gosto do filme em questão, embora o considere estar longe de ser um dos melhores trabalhos do diretor italo-americano, até porque, nessa revisão, me pareceu que o humor do filme, envelheceu um pouco; mais até do que se comparado ao de "O Rei da Comédia", filme caracterizado por um humor um tanto sombrio e que, recentemente, foi redescoberto por ter sido claramente, a principal referência na composição do badalado "Coringa" (2019) de Todd Phillips. Mas, voltando a falar propriamente sobre "Depois de Horas", constato que hoje em dia, seria facilmente "cancelado" e taxado de "machista" ou "misógino", pela forma como praticamente todas as personagens femininas do filme, são retratadas. Enfim, não vou entrar no mérito da questão, até porque não tenho a menor paciência pra discutir com gente incapaz de ver um filme, sem contextualizá-lo dentro de um determinado período histórico ou época, levando em conta os valores então vigentes, do ponto vista social, político, etc. Destaque para a presença da saudosa e sempre charmosissima Teri Garr (1944-2024) e também da simplesmente desaparecida Linda Fiorentino, importante musa dos anos 80 e início dos 90. A trilha sonora tipicamente oitentista, composta e executada por sintetizadores, a cargo de Howard Shore, também é digna de nota.