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Análise Esquina da Morte (2006)

  • Categoria: Critica de Filmes
  • Publicação: 07/01/2025 08:24
  • Autor: Ítalo Morelli Junior
Depois de vencer um Oscar de roteiro por Crash (2004), Bobby Moresco estreou na direção com este Esquina da Morte (2006), o qual também roteirizou. Mesmo com um time de 11 produtores (?!?!?), o resultado é um pastiche de Os Bons Companheiros (1990) com Donnie Brasco (1997), onde nem os esforços do bom elenco melhoram as coisas. É um filme de máfia com todos os elementos e clichês possíveis e ao mesmo tempo não é - o ápice da caricatura é na rápida cena do jantar na casa do Chefão (Francesco Salvi, imitando Marlon Brando na cara dura) onde um cara vestido de palhaço dubla Pagliacci do tenor Enrico Caruso. 
Scorsese deixou a régua tão alta que ao final da projeção, fica a impressão de termos assistido um filme B de um realizador que só tinha um tamanco e um sonho, mas que não soube sambar no ritmo certo.
O sargento Tommy Santoro (James Marsden, o Ciclope do X-Men) achava que tinha deixado o seu passado de ligações com a máfia para trás (o que foi mostrado no ótimo Donnie Brasco com Al Pacino e Johnny Depp), mas acaba se encrencando no exército. Horvath (o bacana Brian Dennehy) é um agente do FBI que promete ajudá-lo em troca de um favor, e o manda de volta a Filadélfia para enfrentar o maior dilema da sua vida: como a maioria parte dos velhos criminosos estão ou na cadeia ou no cemitério, os novos chefões do tráfico são o primo de Tommy, Joey (Giovanni Ribisi) e seu irmão Vincent (Brad Renfro), que enfretam um poderoso inimigo, o siciliano Luciano Reggio, interpretado por Francesco Salvi, um pouco caricato querendo ser o Don Corleone. 
Ou Tommy acaba com tudo ou será preso. 
Em 1996, o diretor Abel Ferrara lançou o excelente Os Chefões, filme de máfia que mergulha fundo nas relações de uma típica Famiglia italiana. Com atuações marcantes de Christopher Walken, Isabella Rossellini e Annanella Sciorra, o Festival de Veneza não resistiu e premiou com a Copa Volpi o saudoso Chris Penn, numa atuação avassaladora.
Em Esquina da Morte o elenco tenta, mas não sai do lugar comum. Em meio a tantos jovens atores experientes que compõe o núcleo central da trama, o destaque vai para a veterana Lesley Ann Warren e a talentosa Piper Perabo em personagens coadjuvantes, uma derrapada que demonstra o amadorismo do diretor. 
O confronto final nem chega a empolgar, com seus enquadramentos de câmera óbvios, iluminação soturna e zero suspense. A conclusão é até razoável, mas não faz valer a pena as quase duas horas de duração.
Pontas do também saudoso Dennis Hopper, o baterista do Motley Cure, Tommy Lee e Val Kilmer.