Notícias

Análise "Eu Sei que Vou te Amar" (1986), Dir. Arnaldo Jabor

Finalmente assistindo o filme pelo qual Fernanda Torres faturou a Palma de Ouro de atuação feminina em Cannes
  • Categoria: Critica de Filmes
  • Publicação: 29/12/2024 17:07
  • Autor: Ricardo Corsetti
E a primeira coisa a dizer, sem dúvida, é: Como não se apaixonar perdidamente por ela, após vê-la aqui, magnífica em todos os sentidos? Obs: por outro lado, é preciso dizer, porém, que o filme em questão, praticamente se resume a Ela e, vá lá, também a seu parceiro, o saudoso Thales Pan Chacon que está muito bem em cena; em resumo, ambos (mas, sobretudo Fernanda) carregam nas costas, uma trama/encenação extremamente teatral (sem nenhum demérito ao teatro propriamente dito, mas é preciso lembrar que cinema e teatro, são linguagens diferentes) que torna cansativo acompanhar os 95 minutos dessa intermináveis "DR" de casal; com o agravante de que praticamente toda a ação, se passa numa única locação. E, convenhamos, qualquer diretor minimamente experiente, sabe que conduzir o ritmo de uma trama nessas condições, não é coisa fácil: o risco de se cansar o espectador é muito grande e, sinceros, quase inevitável. Por isso eu costumo dizer, que se aventurar com êxito em tal experiência, é coisa pra gente grande: Hitchcock e Polanski, por exemplo. E, com todo o respeito, Mr. Jabor, vossa senhoria não está neste nível. O que se vê aqui, da mesma forma que já havia ocorrido em "Eu Te Amo" (1981), trabalho anterior de Jabor, o que se vê em boa parte de "Eu Sei que Vou te Amar", é muita masturbação pseudo-intelectual e erudição vazia. Além disso, é fato que também em "Eu Te Amo", uma ótima dupla de protagonistas (Sônia Braga e Paulo César Pereio), também era responsável por carregar nas costas, um filme que, em outras condições, seria quase insuportável de se ver por completo. Obs 2: sou obrigado a concluir que, não por acaso, a pseudo- erudição de Arnaldo Jabor, típica de como diria meu velho professor de Ciência Política (Edson Passetti), de um "intelectual de suvaco" (do tipo que carrega os livros debaixo do braço, pra se exibir, ao invés de os ler), o levaria, fatalmente, de ex "intelectual de esquerda", a um sofrível lambedor de botas do PSDB e que, lamentavelmente, encerrou seus dias, dizendo coisas como: "O que o Brasil realmente precisa é de um choque de capitalismo". Que coisa triste...