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Análise O Estranho Mundo de Jack

Dica de filme de Natal
  • Categoria: Critica de Filmes
  • Publicação: 21/12/2024 12:16
  • Autor: Italo Morelli Junior
Só mesmo Tim Burton, que nos deu Beetlejuice e sua visão gótica de A Bela e a Fera com seu Edward mãos de Tesoura, poderia realizar em plena década de 90, uma animação musical stop-motion sombria sobre o Natal. O resultado é absolutamente incrível!
Burton ficou responsável pela produção e o roteiro, entregando a direção a Henry Selick, cujo resultado é o mais fiel possível a um trabalho do próprio Tim Burton. Selick dirigiu anos depois Coraline, que não possui roteiro e produção de Burton e que muitos acham que foi o próprio Burton quem dirigiu. Fortes influências.
O longa é sobre Jack Skellington (dublado por Chris Sarandon, de Um Dia de Cão) um elegante esqueleto habitante da Cidade do Halloween, local cercado por criaturas bizarras. Lá todos passam o ano organizando o Halloween do ano seguinte. Porém, após mais um Halloween, Jack se mostra cansado de fazer aquilo todos os anos. Assim ele deixa os limites da cidade e vagueia pela floresta, onde encontra vários portais, sendo que cada um leva até um tipo de festividade. Jack acaba atravessando o portal do Natal, onde fica fascinado com o espírito natalino. Ao retornar para a Cidade do Halloween, Jack se empenha em convencer os cidadãos a sequestrarem o Papai Noel (Edward Ivory) e fazerem seu próprio Natal. Apesar de sua namorada Sally (Catherine O’Hara) ser contra o projeto, o Papai Noel é capturado. Mas os fatos mostrarão que Sally estava certa e aí…
Bom, com todos esses elementos que só poderiam ser criados e regidos por Tim Burton, fica fácil entender porque até hoje O Estranho mundo de Jack é sempre lembrado com um dos filmes prediletos pra se assistir no Natal. É claro que crianças muito pequenas devem passar longe, assim como devem passar mais longe ainda do pastiche Férias frustradas de Natal e qualquer outro especial de fim de ano. Horror pelo horror, pelo menos esta obra de Tim Burton é visualmente fascinante, trata o tema de maneira nada convencional e extrai o máximo de carisma dos seus personagens medonhos e cativantes. Poucas vezes se viu um casal com uma química tão bacana como Jack e Sally – ele um esqueleto e ela uma boneca de trapo tipo Frankenstein, que enchem a tela de poesia e ganham nossos corações devidamente embalados pela inesquecível trilha sonora de Danny Elfman do Oingo Boingo.
Dois anos depois, o mundo ficaria deslumbrado pela tecnologia apresentada em Toy Story, que apontou o futuro das animações que começaram a ser produzidas em escala nunca vista antes. Nem isso conseguiu tirar o brilho do stop-motion que impressiona com seu artesanato riquíssimo em detalhes e pela visível dificuldade que é animar os bonecos quadro a quadro, extraindo deles o máximo de expressão – o que ficou faltando no altamente tecnológico live action de O Rei Leão. Tim Burton voltaria a usar essa mesma técnica em A Noiva Cadáver e Frankenweenie, sucessos de público e crítica. 
Recomendado pra quem ainda não viu e procura algo diferente pra assistir depois da ceia de Natal. Quem já viu, que faça o favor de rever e constatar que O Estranho mundo de Jack é atemporal e que mais estranho que o nosso mundo atual, nem o estranho mundo de Jack consegue ser.