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Megalópolis - Um Filme Menor e Equivocado de um ex- grande cineasta.

  • Categoria: Critica de Filmes
  • Publicação: 09/11/2024 10:04
  • Autor: Ricardo Corsetti
Assim como também ocorre a Almodóvar em "O Quarto Ao Lado" (2024), é mesmo triste assistir ao crepúsculo de um ex- grande cineasta, conforme ocorre a Coppola em "Megalópolis" (2024), um autêntico rocambole, repleto de ideias vagas (talvez até, originalmente boas) e muito mal desenvolvidas. Embora tecnicamente bem realizado, "Megalópolis" resulta num filme bastante confuso e que, sinceramente, não deixa claro, ao fazer um paralelo entre os EUA contemporâneo e a Roma antiga (o Império Romano, mais especificamente); se o objetivo do diretor/roteirista é, afinal, críticar e satirizar a degradação cultural e social de sua terra natal, ou, pelo contrário, fazer uma autêntica ode ao popular slogan: "Façamos a América grande novamente?" Obs: é possível, sim, fazer um paralelo entre o protagonista vivido (de forma um autêntico apática, aliás) por Adam Driver (César) e Elon Musk.

Mas aí, novamente caímos no mesmo problema: a intenção de Coppola era, afinal, criticar e satirizar o egocentrismo e a megalomania do "homem mais rico do mundo", ou, pelo contrário, deseja exaltá-lo?

Obs2: Há, sim, do ponto de vista estético, referências ao ultra-clássico e experimental "O Fundo do Coração" (1981). Mas, nem mesmo a boa fotografia aqui, chega aos pés do trabalho realizado pelo mito Vittorio Storaro no clássico mencionado. Além disso, ao contrário do frescor de novidade em termos de linguagem e carisma dos personagens de "O Fundo do Coração", aqui tudo sem vida, artificial e esquemático, apesar do competente elenco escalado. A propósito: colocar atores do porte de Laurence Fisburne, Dustin Hoffman e Talia Shire para, basicamente, fazerem "figuração de luxo" na trama, chega mesmo a ser um crime.

Em suma, é lamentável mesmo ver o autor de obras-primas atemporais, tais como: "O Poderoso Chefão" (1972), "A Conversação" (1974), "Apocalipse Now" (1979), "O Fundo do Coração" (1981), "Vidas Sem Rumo" (1983), "Drácula de Bram Stoker" (1992), etc; encerrar sua carreira dessa forma.