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O QUARTO AO LADO

O Triste Crepúsculo de um Grande Cineasta
  • Categoria: Critica de Filmes
  • Publicação: 05/11/2024 22:57
  • Autor: Ricardo Corsetti
"O Quarto Ao Lado" (2024), após ver este erro absoluto em forma de filme, tristemente comprovo a tese à qual vinha construindo nos últimos anos: aquele brilhante e inovador cineasta espanhol dos anos 80 e 90, sim, o "selvagem" e original autor de obras-primas atemporais, no que se refere à provocação e questionamento dos padrões morais e comportamentais então vigentes, tais como: "Matador" (1986), "A Lei do Desejo" (1987), "Mulheres À Beira de um Ataque de Nervos" (1988), "Ata-Me" (1990), etc; infelizmente, está mesmo morto e enterrado (metaforicamente falando).

Com toda a sinceridade, não fosse pelo visível esforço de duas grandes atrizes (Tilda Swinton e Juliane Moore em tornar esta trama pouco inspirada, apática e absolutamente previsível, em algo minimamente interessante; além de, vá lá, um bom trabalho de direção de arte; "O Quarto Ao Lado", seria simplesmente intragável.

A propósito: uma coisa que tem me incomodado muito, já há vários anos, nos trabalhos  "contemporâneos" de Almodóvar, é o cansativo, desnecessário e preguiçoso recurso ao flashback, como elemento (recurso) narrativo. 

A grande verdade, é que desde o divertido (embora também pesado) "Volver" (2006), com uma Penélope Cruz no auge da beleza, sensualidade e esbanjando talento; nada que Almodóvar lançou posteriormente, me encantou de fato.

Ainda sobre "O Quarto Ao Lado", a breve aparição (participação) de John Turturro, até chega a dar uma "arejada" no marasmo que caracteriza a quase totalidade da trama. Mas, ainda é muito pouco, pra tornar essa frágil e pouca inspirada história, em algo verdadeiramente interessante.

Em resumo, é triste ver o autêntico crepúsculo em termos criativos de um dos mais originais, ousados e carismáticos diretores (autores) da segunda metade do século XX: Pedro Almodóvar. Eis, ao que tudo indica, o fim (artisticamente falando) de um gênio. Que pena.