Sexo, Mentiras e Videotape
De Steven Soderbergh
- Categoria: Cinema
- Publicação: 01/11/2024 13:19
- Autor: Italo Morelli Junior
Todo ano os críticos de cinema usam como parâmetro pro Oscar os principais festivais da Europa: Cannes, Veneza e Berlim.
Mas a real é que depende muito de qual distribuidora irá comprar tal filme e se a campanha com os votantes da Academia será "agressiva" (leia-se jantares caros, diárias em hotéis de luxo, relógios Rolex, champagne Brüt, perfumes da Creed, etc) - do contrário, o filme ganha uma Palma de Ouro em Cannes e passa batido no Oscar, a maior vitrine para um filme vender ingressos.
Em 1989, Sexo, Mentiras e Videotape, ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, o prêmio de interpretação masculina para James Spader e o prêmio do júri. Muita coisa, não?
O diretor Steven Soderbergh com apenas 26 anos e em seu primeiro longa, causou furor entre a crítica especializada da época, mas com a campanha meia-boca da Miramax (fundada em 1979 pelos irmãos Weinstein, mas que só se estabeleceu com Pulp Fiction, que levou outra Palma de Ouro), Sexo, Mentiras e Videotape amargou apenas a indicação ao Oscar de roteiro original e perdeu para o belo Sociedade dos Poetas Mortos. Justo.
Mesmo se tivesse conseguido outras indicações como nas categorias de direção, ator (James Spader), atriz (Andie MacDowell) e atriz coadjuvante (Laura San Giacomo), não levaria nenhum porque a concorrência era grande.
Sorderberg foi muito bem acolhido por Hollywood, se tornou o "enfant terrible" do momento, nem se abalou quando Quentin Tarantino apareceu e se tornou o centro das atenções.
Com uma carreira bem irregular, onde errou mais do que acertou, suas contribuições para a indústria lhe renderam duas indicações ao Oscar no mesmo ano, uma pelo drama de Supercine Erin Brockovich (que deu o Oscar de atriz para a amiga Julia Roberts) e Traffic, ótimo remake de uma série com o mesmo nome que lhe deu a estatueta dourada. Seguiu com outro remake de sucesso que se tornou a rentável franquia Onze Homens..., o bacana Irresistível Paixão (melhor atuação da Jennifer Lopez) e os chatos Solaris, Full Frontal, Bubble, O Desinformante, Contágio, A Toda Prova, Magic Mike, além da prentesiosa trilogia Che.
Com tantos tropeços, Steven nunca teve um hiato na carreira e seguiu entregando seus filmes para um seleto grupo de fãs que ainda o acompanham.
Eu ainda acho que sua estréia com Sexo, Mentiras e Videotape ainda é o seu melhor trabalho, tem aquele frescor de estréia de quem não tem medo de errar. Mas levar a Palma de Ouro e causar todo esse burburinho, foi um pouco demais.
Enfim, uma aposta promissora da indústria que na minha opinião, não deu certo.
Quando o resultado do filme não lhe agrada, ele assina como Mary Ann Bernard...
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