A força da mulher utilizada como denúncia para questões sociais emergentes’, entenda a profundidade poética de ‘Sankofa’, novo lançamento do grupo Ki’mbanda
Com riffs de guitarra intensos e vocais carregados de emoção, a canção é uma resposta poética a questões sociais emergentes
- Categoria: Música
- Publicação: 22/10/2024 22:34
- Autor: Imprensa SNI
Com previsão de chegada aos streamings musicais para o dia 20 de novembro de 2024, a canção Sankofa, do grupo de afro-rock, Ki’mbanda,é uma das grandes apostas do projeto ‘O rock é preto’
Com melodia potente e vocais carregados de emoção, a canção é inspirada no conceito africano de Sankofa, que defende a ideia de que ‘um passado ruim pode ser modificado para que se construa um futuro de superação’
O termo vem do ganês e é composto pelas palavras san (voltar, retornar),ko (ir) e fa (olhar, buscar e pegar). Já o seu símbolo, é representado por um pássaro com a cabeça voltada para trás ou por duas voltas justa postas que se assemelham a um coração.
Na cultura Yoruba e dos Orixás, o tempo não acontece em uma linha reta, mas sim de forma circular. Pode parecer ficção científica, mas, quando adotamos o sentido de Sankofa em nossas vidas, o passado passa a ser o meu presente, o meu presente o meu passado e essa reconstrução acaba por impactar o meu futuro’, trecho destacado por Krisx, vocalista da Ki’mbanda.
Uma exaltação a força e coragem de mulheres pretas
Para Krisx, autor da composição e vocalista da Ki’mbanda, Sankofa é uma canção que denuncia questões sociais emergentes usando como base a força e a coragem feminina. Ele a escreveu pensando poeticamente nas quatro mulheres mais importantes de sua vida: sua mãe, dona Maria Aparecida, sua avó Guiomar ou dona Guigui, sua irmã Andrea Krispim e sua tia, Maria de Fátima.
‘Minha mãe é a representação de todas as mães solteiras que lutam contra o machismo na sociedade, é aquela mulher que trabalha duro para manter a família e os estudos em meio a crises econômicas, desigualdade social e preconceito. Já a minha avó representa o combate à fome e é uma relação a forma como ela camuflava a falta de comida em casa durante a minha infância’, destaca Krisx.
Sankofa é também uma composição inteligente quando nos apresenta palavras únicas com contextos subentendidos relacionados às vivências pessoais de Krisx.
O ‘erê’ encoraja o homem a lidar com um presente intenso a partir da exploração de sua criança interior. O ‘yoruba retrata a força que as palavras possuem como um poder de modificação desse presente. Por sua vez, o ‘azorrague’ representa a Dor de um passado machucado, enquanto que o ‘agasalho’ é a representação do acolhimento, especialmente de sua mãe, em meio a uma sociedade desigual e, por fim, o ‘alimento’, associado a sua avó, a que nutri, não somente a sua carne, mas a sua alma.
Krisx ainda destaca que, apesar da abordagem em denúncia, a composição também flerta com a leveza quando traz mulheres que representam a doçura e o amor incondicional pelos filhos.
É uma mensagem que começa com a minha família, mas se expande para outras, para todas que tiveram histórias semelhantes a minha. É sobre uma mãe que acolhe o se conecta a um filho, aos filhos do filho, e aos filhos dos filhos do filho’, completa.