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Chamas Literais

  • Categoria: Geral
  • Publicação: 15/09/2024 11:34
  • Autor: Professor André Cisi
Wapichana é o nome do povo indígena com cerca de treze mil indivíduos, que vivem na fronteira entre o Brasil e a Guiana, no norte da Amazônia, entre os rios Branco e Rupununi.
Cristino Wapichana, natural de Boa Vista, no estado de Roraima, talvez o mais conhecido dos Wapichana. Além de músico, compositor, cineasta e contador de histórias é também, escritor e patrono da Cadeira de número 146 da Academia de Letras dos Professores da cidade de São Paulo. Um escritor consagrado e muito premiado, no Brasil em outros países, como o Selo White Ravens da Biblioteca de Munique, na Alemanha 2017,Estrela de Prata do Prêmio Peter Pan 2018 pela International Board on Books for Young People (IBBY) da Suécia e o Selo da Cátedra Unesco em 2022. No Brasil conquistou o Prêmio Jabuti 2017.
“Fogo Gente!” É o título de uma de suas obras: Uma garotinha indígena acompanha sua avó, após o jantar numa noite em que ambas caminhavam próximo ao fogo com a panela de barro, utilizada para o preparo de mingau de batata doce, para alimentar o povo da aldeia
.A avó pergunta à neta se conhecia o Espírito do Fogo, ao que a menina responde negativamente. A anciã responde que Ele nasceu na eternidade, antes mesmo dos bichos e das gentes, e é formado por luzes espirituais do universo. “Água e Fogo fazem gente e sem o fogo não existiria a humanidade”, completa a sábia avó da pequena indiazinha e ainda explica que os povos indígenas utilizam pouco e sabiamente o fogo, desde os mais remotos ancestrais até os dias atuais, apenas para o preparo da comida, da energia necessária para iluminar as noites e aquecer o ambiente e pessoas, além de ser utilizado para manter costumes e tradições. já os karaiwas (não indígenas) o usam para quase tudo. Com isso o fogo utilizado de maneira exagerada e equivocada pode provocar destruição, mortes e outros problemas velhos e conhecidos.
Seria bom se muitos dos ditos “civilizados” pudessem ler o livro Fogo Gente!, neste setembro em que há poucas chuvas (algumas com coloração negra), tempo seco demais com baixíssima umidade relativa do ar e, lamentavelmente o fogo e suas chamas, que literalmente devastam matas, plantações e até reservas indígenas. O cenário é triste e as páginas de Fogo Gente! Parece alertar, que nós, os karaiwas, como disse à personagem do livro, ainda temos muito o que aprender com o indígena sobre o que é verdadeiramente respeitar a natureza, com a correta utilização do ar, dos ventos, da água e, principalmente, do Fogo