Um palco aberto à vida real: é essa a proposta de Multidão, novo espetáculo da Setra Companhia e do espaço cultural AP da 13, que estreia no dia 21 de agosto, no Teatro Novelas Curitibanas Claudete Pereira Jorge, com temporada gratuita até 21 de setembro. Com direção de Eduardo Ramos, a peça reúne 13 pessoas em cena, sendo oito delas estreantes no teatro - não-atores que foram selecionados a partir de uma convocatória pública e que agora dão voz às suas próprias histórias.

O projeto teve início em abril deste ano, com uma seletiva aberta à participação de não artistas - pessoas comuns, de diferentes realidades e trajetórias, que quisessem experimentar o palco pela primeira vez. A iniciativa recebeu mais de 150 inscrições, e após um processo de oficinas e audições, nove foram selecionadas para compor o elenco. “Queríamos nos aproximar de quem realmente nos inspira: pessoas que estão por aí, vivendo alegrias e mazelas. Acreditamos que uma boa história é aquela que tem o privilégio de ser escutada - e isso é cada vez mais raro no mundo em que vivemos. Por isso decidimos abrir o palco para essas vozes, para que compartilhassem verdadeiramente suas vidas”, afirma o diretor Eduardo Ramos.

A dramaturgia, assinada por Ramos, Amanda Leal e o próprio elenco, parte da escuta e da criação colaborativa. O processo foi construído a partir de memórias pessoais e resgates afetivos. O espetáculo provoca uma reflexão sobre o tempo presente, as formas de construção de futuro e a responsabilidade coletiva sobre os caminhos possíveis de uma sociedade. 

As histórias compartilhadas em cena falam de dores e delícias que ressoam no imaginário de quem assiste, criando pontes entre vidas individuais e experiências coletivas. “Multidão significa um agrupamento de pessoas atuando ao mesmo tempo. Neste espetáculo, queremos explorar também o sentido mais profundo disso: como cada indivíduo carrega o mundo dentro de si, e como essas vozes, quando reunidas, criam novas formas de olhar para a sociedade e para nós mesmos”, destaca Ramos.

Além de propor a diversidade no elenco, com pessoas de diferentes idades, origens, nacionalidades e gêneros, o projeto contou com oficinas formativas e um ambiente seguro de criação. A proposta foi pensada desde o início como uma forma de democratizar o fazer teatral e ampliar o alcance da arte a novos corpos e subjetividades. “O teatro ainda é esse espaço onde pessoas dizem coisas e outras estão lá para ouvir. Isso, pra mim, é de uma beleza única nos tempos atuais”, completa o diretor.

A temporada de Multidão vai de 21 de agosto a 21 de setembro, com sessões de quinta a sábado às 19:30 e domingos às 18h. Os ingressos são gratuitos, com retirada no local uma hora antes de cada apresentação.