“Doutor Cegonho”: caso levanta alerta sobre violência obstétrica velada; psicóloga explica como identificar e denunciar
O que fazer? Como reconhecer os sinais? A psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, especialista em saúde mental materna, explica!
- Categoria: Atualidade
- Publicação: 09/07/2025 21:56
- Autor: Chris Coelho

A denúncia contra o médico conhecido como “Doutor Cegonho”, acusado de causar lesões graves em uma mãe e no bebê durante o parto, reacendeu o debate sobre a violência obstétrica no Brasil. Mesmo com avanços na legislação e maior conscientização sobre os direitos das gestantes, essa forma de abuso continua presente em hospitais públicos e privados, muitas vezes de forma silenciosa, mascarada por práticas vistas como normais.
A psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, referência nacional em saúde mental materna e fundadora do Instituto MaterOnline, explica que a violência obstétrica nem sempre é reconhecida de imediato. Em muitos casos, a mulher só percebe o que viveu dias, meses ou até anos depois do parto.
“Intervenções como a aplicação da ocitocina sintética, conhecida como 'sorinho', para estimular contrações, e a realização de episiotomias sem evidências científicas de sua necessidade são frequentemente realizadas sem o consentimento informado da mulher”, explica.
Rafaela também alerta para a manobra de Kristeller, quando se pressiona a barriga da gestante para acelerar o parto. O procedimento pode causar danos físicos e emocionais graves, mas ainda é aceito como normal por falta de informação.
Casos como os de Shantal Verdelho e Patrícia Poeta mostram como a violência obstétrica pode passar despercebida. Shantal só entendeu o que tinha vivido ao assistir ao vídeo do próprio parto. Patrícia levou anos para perceber o impacto do que aconteceu durante o nascimento do filho.
Violência obstétrica é mais comum no SUS e entre mulheres negras, mostra pesquisa
Estudos recentes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelam que 45% das mulheres entrevistadas relataram ter sofrido algum tipo de violência obstétrica. A pesquisa, que abrangeu mais de 24 mil mulheres em 465 maternidades no Brasil entre 2020 e 2023, revelou que as mulheres negras, com baixa escolaridade e usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), são as mais vulneráveis a essa prática. Schiavo ressalta que “as estatísticas mostram a necessidade urgente de maior conscientização e de políticas públicas eficazes”.
Alguns estados brasileiros, como Ceará, Distrito Federal e Pará, já implementaram leis para proteger as mulheres contra a violência obstétrica. Além disso, a Lei Nº 14.721, sancionada em novembro de 2023, ampliou a assistência à gestante e à mãe, garantindo apoio psicológico durante a gravidez, o parto e o pós-parto. “Essa lei é um avanço importante porque oferece suporte psicológico para mulheres em um momento tão vulnerável, mas ainda é essencial que as gestantes conheçam seus direitos para poderem identificar e denunciar qualquer forma de abuso”, reforça a psicóloga.
Outras dúvidas comuns
A seguir, Rafaela Schiavo responde às dúvidas mais comuns de quem suspeita ter sofrido violência obstétrica, desde o que fazer até como denunciar.
1) O que eu faço se fui vítima de violência obstétrica?
Se você suspeita que foi vítima de violência obstétrica, o primeiro passo é buscar apoio e orientação. Você pode relatar o caso na ouvidoria do hospital, consultar um advogado especializado ou buscar ajuda em grupos de apoio. Em situações mais graves, a denúncia pode ser feita no Conselho Regional de Medicina ou na delegacia de polícia.
2) Quais direitos eu tenho durante o parto?
É fundamental que as mulheres saibam que têm o direito de escolher quem as acompanha durante o parto, de ser informadas sobre todos os procedimentos que serão realizados e de recusar qualquer intervenção com a qual não se sintam confortáveis. Além disso, têm o direito de receber alívio para a dor e de ser tratadas com respeito e dignidade durante todo o processo.
3) O que posso fazer se perceber que o médico está sendo negligente ou desrespeitoso?
Se, durante o parto, você sentir que o médico está agindo de forma negligente ou desrespeitosa, peça para falar com a equipe médica e deixe claro que você não consente com aquele tratamento. Caso a situação não melhore, solicite a presença de um advogado ou faça um registro formal do ocorrido assim que possível.
4) Posso denunciar a violência obstétrica mesmo depois de algum tempo?
Sim, você pode e deve denunciar a violência obstétrica mesmo após o ocorrido. Ainda que o parto tenha acontecido há meses ou até anos, é importante relatar o caso para que outras mulheres não passem pelo mesmo. Guarde toda a documentação e procure um advogado especializado para ajudar no processo.
5) O que você precisa saber para se proteger
É essencial que as mulheres reconheçam e denunciem qualquer sinal de abuso. Embora seja importante manter um histórico claro das conversas e intervenções, toda paciente tem o direito de solicitar e acessar seu prontuário médico após o parto. Dessa forma, ela pode viver o momento do parto com tranquilidade, sabendo que poderá revisar o que aconteceu depois. A denúncia é uma forma de garantir que outras mães não passem pelo mesmo. A saúde e a dignidade das gestantes devem ser sempre protegidas.
Quem é Rafaela Schiavo?
Profª-Dra. Rafaela de Almeida Schiavo é psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline. Desde sua formação inicial, dedica-se à saúde mental materna, sendo autora de centenas de trabalhos científicos com o objetivo de reduzir as elevadas taxas de alterações emocionais maternas no Brasil.
Possui graduação em Licenciatura Plena em Psicologia e em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Além disso, concluiu seu mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem e doutorado em Saúde Coletiva pela mesma instituição. Realizou seu pós-doutorado na UNESP/Bauru, integrando o Programa de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Desenvolvimento Humano, atuando principalmente nos seguintes temas: Desenvolvimento pré-natal e na primeira infância; Psicologia Perinatal e da Parentalidade.
A psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, referência nacional em saúde mental materna e fundadora do Instituto MaterOnline, explica que a violência obstétrica nem sempre é reconhecida de imediato. Em muitos casos, a mulher só percebe o que viveu dias, meses ou até anos depois do parto.
“Intervenções como a aplicação da ocitocina sintética, conhecida como 'sorinho', para estimular contrações, e a realização de episiotomias sem evidências científicas de sua necessidade são frequentemente realizadas sem o consentimento informado da mulher”, explica.
Rafaela também alerta para a manobra de Kristeller, quando se pressiona a barriga da gestante para acelerar o parto. O procedimento pode causar danos físicos e emocionais graves, mas ainda é aceito como normal por falta de informação.
Casos como os de Shantal Verdelho e Patrícia Poeta mostram como a violência obstétrica pode passar despercebida. Shantal só entendeu o que tinha vivido ao assistir ao vídeo do próprio parto. Patrícia levou anos para perceber o impacto do que aconteceu durante o nascimento do filho.
Violência obstétrica é mais comum no SUS e entre mulheres negras, mostra pesquisa
Estudos recentes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelam que 45% das mulheres entrevistadas relataram ter sofrido algum tipo de violência obstétrica. A pesquisa, que abrangeu mais de 24 mil mulheres em 465 maternidades no Brasil entre 2020 e 2023, revelou que as mulheres negras, com baixa escolaridade e usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), são as mais vulneráveis a essa prática. Schiavo ressalta que “as estatísticas mostram a necessidade urgente de maior conscientização e de políticas públicas eficazes”.
Alguns estados brasileiros, como Ceará, Distrito Federal e Pará, já implementaram leis para proteger as mulheres contra a violência obstétrica. Além disso, a Lei Nº 14.721, sancionada em novembro de 2023, ampliou a assistência à gestante e à mãe, garantindo apoio psicológico durante a gravidez, o parto e o pós-parto. “Essa lei é um avanço importante porque oferece suporte psicológico para mulheres em um momento tão vulnerável, mas ainda é essencial que as gestantes conheçam seus direitos para poderem identificar e denunciar qualquer forma de abuso”, reforça a psicóloga.
Outras dúvidas comuns
A seguir, Rafaela Schiavo responde às dúvidas mais comuns de quem suspeita ter sofrido violência obstétrica, desde o que fazer até como denunciar.
1) O que eu faço se fui vítima de violência obstétrica?
Se você suspeita que foi vítima de violência obstétrica, o primeiro passo é buscar apoio e orientação. Você pode relatar o caso na ouvidoria do hospital, consultar um advogado especializado ou buscar ajuda em grupos de apoio. Em situações mais graves, a denúncia pode ser feita no Conselho Regional de Medicina ou na delegacia de polícia.
2) Quais direitos eu tenho durante o parto?
É fundamental que as mulheres saibam que têm o direito de escolher quem as acompanha durante o parto, de ser informadas sobre todos os procedimentos que serão realizados e de recusar qualquer intervenção com a qual não se sintam confortáveis. Além disso, têm o direito de receber alívio para a dor e de ser tratadas com respeito e dignidade durante todo o processo.
3) O que posso fazer se perceber que o médico está sendo negligente ou desrespeitoso?
Se, durante o parto, você sentir que o médico está agindo de forma negligente ou desrespeitosa, peça para falar com a equipe médica e deixe claro que você não consente com aquele tratamento. Caso a situação não melhore, solicite a presença de um advogado ou faça um registro formal do ocorrido assim que possível.
4) Posso denunciar a violência obstétrica mesmo depois de algum tempo?
Sim, você pode e deve denunciar a violência obstétrica mesmo após o ocorrido. Ainda que o parto tenha acontecido há meses ou até anos, é importante relatar o caso para que outras mulheres não passem pelo mesmo. Guarde toda a documentação e procure um advogado especializado para ajudar no processo.
5) O que você precisa saber para se proteger
É essencial que as mulheres reconheçam e denunciem qualquer sinal de abuso. Embora seja importante manter um histórico claro das conversas e intervenções, toda paciente tem o direito de solicitar e acessar seu prontuário médico após o parto. Dessa forma, ela pode viver o momento do parto com tranquilidade, sabendo que poderá revisar o que aconteceu depois. A denúncia é uma forma de garantir que outras mães não passem pelo mesmo. A saúde e a dignidade das gestantes devem ser sempre protegidas.
Quem é Rafaela Schiavo?
Profª-Dra. Rafaela de Almeida Schiavo é psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline. Desde sua formação inicial, dedica-se à saúde mental materna, sendo autora de centenas de trabalhos científicos com o objetivo de reduzir as elevadas taxas de alterações emocionais maternas no Brasil.
Possui graduação em Licenciatura Plena em Psicologia e em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Além disso, concluiu seu mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem e doutorado em Saúde Coletiva pela mesma instituição. Realizou seu pós-doutorado na UNESP/Bauru, integrando o Programa de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Desenvolvimento Humano, atuando principalmente nos seguintes temas: Desenvolvimento pré-natal e na primeira infância; Psicologia Perinatal e da Parentalidade.
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