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O massacre teatral na Praça da Paz Celestial

Documentos vazados do FBI e CIA hospedados no site WikiLeaks e apresentado ao mundo pelo jornalista investigativo Julian Assange, mostram como evento ocorrido em 1989 foi arquitetado pelo Governo dos EUA anos antes para desestabilizar e impedir o crescimento da China
  • Categoria: História
  • Publicação: 04/07/2025 16:52
  • Autor: Amauri Gomes


O artigo traz inéditas revelações que esclarecem os eventos ocorridos na Praça Tiananmen, mais conhecida no ocidente por Praça da Paz Celestial em Pequim, no ano de 1989. Os documentos detalham a preparação dos protestos, a manipulação das equipes envolvidas e o desfecho real dos acontecimentos. Essa revelação lança luz sobre um dos maiores embustes da história moderna, no qual os responsáveis se autoproclamaram como os “fantasmas” por trás da máquina de desinformação disseminada sobre os eventos na República Popular da China.


Pontos principais destacados nos documentos incluem a inexistência de um massacre da Praça Tiananmen em 1989, com a presença de agentes norte-americanos treinando manifestantes chineses no ano anterior. O disfarce sob o qual agiam era financiado pela NED - National Endowment for Democracy ou Financiador para a Democracia Nacional, em português - uma agência norte-americana supostamente jornalística instalada em Pequim, com o fornecimento de instalações pela CIA para ativistas antigoverno e o treinamento dos manifestantes por especialistas em operações psicológicas e militares dos EUA.


Além disso, os documentos revelam que líderes estudantis receberam vagas em prestigiadas universidades americanas como Harvard e Princeton, com a fabricação da narrativa do “massacre” da praça que começou a surgir em maio de 1989, através da distribuição de informações falsas sobre soldados metralhando estudantes. A desinformação foi amplamente divulgada por diplomatas americanos, britânicos e australianos após a data, embora muitos funcionários consulares e jornalistas já soubessem que o massacre nunca tinha ocorrido antes do final da primeira semana dos eventos.





Arquitetura do plano foi feita no ano anterior



A história começa em 1988, com três acontecimentos. Primeiro, um jornal de língua chinesa, The Chinese Intellectual, abriu um escritório em Pequim para publicar uma revista trimestral de ensaios, que seria distribuída nas principais cidades da China. Em segundo lugar, um coronel reformado do exército americano terá voado dos Estados Unidos para Hong Kong, sendo monitorado por um agente antiterrorista indiano.

Em terceiro lugar, um professor universitário americano que dirigia uma organização chamada Albert Einstein Institution, nos Estados Unidos, interessou-se pela China e, casualmente, previu protestos no país.

À primeira vista, nada de muito controverso. No entanto, se olharmos com mais atenção, começamos a notar contradições.

A maior parte das revistas na Ásia Oriental registava prejuízos com orçamentos minúsculos de algumas centenas de dólares. No entanto, o The Chinese Intellectual contava com um alto orçamento entre 130.000 e 235.000 dólares por ano. De onde vinham essas somas enormes e em que eram gastas?

Além disto, a equipe desta publicação sediada em Pequim era dos EUA e não se limitava a editar ensaios. Organizavam eventos públicos que atraíam a população da cidade para discutir política, sobretudo entre os jovens e a pessoa que consultasse os registos do Albert Einstein Institute ou AEI, descobriria que este não tinha nada a ver com o cientista com esse nome.



Seguindo os rastros



Ao seguirmos as fontes de financiamento, nota-se que o jornal contém um alto orçamento para o seu porte, e que este foi financiado pelo National Endowment for Democracy, ou NED. Trata-se de um organismo proposto pela primeira vez num documento escrito por William J. Casey, famoso pela sua ligação à CIA.




Ele orgulhava-se da capacidade especial da sua organização: a criação de narrativas para permitir o engano em massa. É famoso por ter dito: “Saberemos que o nosso programa de desinformação está completo quando tudo aquilo em que o público americano acredita for falso”.

Após a sua criação no final de 1983, o alvo inicial da NED foi a China. "O primeiro subsídio da Fundação, em 1984, foi para o Intelectual Chinês...", relataria mais tarde a operativa Louisa Coan em um discurso ao congresso.

A NED era dirigida por um homem chamado Carl Gershman, que escreveu em 1987 que o seu grupo estava “a trabalhar para ‘abrir’ sociedades fechadas” como a China, onde a revista The Chinese Intellectual estabeleceu uma ponte entre os opositores e o mundo democrático.

O termo “reformistas” refere-se aos ativistas pró-Washington que estavam sendo treinados na China através de “publicação de revistas”, conhecida como China Perspective. O objetivo era persuadir os chineses para que eles conduzissem o país à “gloriosa luz da democracia liberal ocidental”, ao estilo dos EUA.

Ao seguir o dinheiro, fica evidente que o Albert Einstein Institute tem uma variedade de fontes de financiamento, incluindo o NED e afiliados. No documento comemorativo do quinto aniversário do AEI escrito por Gene Sharp em agosto de 1988, é feita uma curiosa previsão para o futuro próximo: “Poderão ocorrer mais manifestações por mais democracia na China, na Coreia e em muitos outros países.”

Foi mencionado um militar americano a caminho de Hong Kong. O coronel Robert Helvey não era um turista qualquer e sim, um perito no campo em expansão da guerra psicológica militar dos EUA, ou psyops. Sua especialidade era utilizar estudantes e outros jovens para transformar protestos de rua em mudanças de regime em grande escala.

Meses iniciais de 1989 e investigação indiana



Nas primeiras semanas desse ano, os americanos conseguiram fazer crescer o movimento antigovernamental mesmo sob o nariz dos dirigentes chineses. Mais tarde, um funcionário americano descreveria estes esforços a um jornalista do Vancouver Sun, do Canadá:

Durante meses antes do ataque de 3 de junho aos manifestantes, a CIA ajudou os estudantes ativistas a formar o movimento antigovernamental, fornecendo máquinas de escrever, máquinas de fax e outro equipamento para os ajudar a espalhar a sua mensagem.”



Logo após, alguns dos líderes do nascente movimento antigovernamental na China terão sido transportados para a colônia britânica da Coroa de Hong Kong, a fim de receberem formação sobre como organizar protestos, ministrada por peritos dos EUA.

No entanto, alguém estava observando e mais precisamente, um oficial superior dos serviços secretos estrangeiros indianos. Bahukutumbi Raman era chefe das atividades antiterroristas na Índia e estava particularmente interessado nas atividades do coronel Robert Helvey, na Ásia pois tudo o que pudesse afetar a segurança dos vizinhos da Índia, também se tornava uma ameaça a segurança da Índia.

Raman escreveu sobre Helvey em um relatório: “Em 1988-1989, também treinou os líderes estudantis de Pequim em técnicas de manifestação de massas que utilizaram posteriormente no incidente da Praça de Tiananmen em junho de 1989.”

Nos primeiros meses de 1989, em Pequim, um movimento estudantil de ativistas antigovernamentais recebeu discretamente formação sobre os métodos de escalada de protestos/mudança de regime do Dr. Sharp e do Coronel Helvey. O governo chinês parecia ter percebido que algo de estranho estaria prestes a acontecer: em 6 de fevereiro, a embaixada dos EUA enviou um telegrama a Washington no qual enumerava as preocupações levantadas pelos chineses. O plano estadunidense ficava cada vez mais exposto.





Resistência dos não vendidos



Foi o que a imprensa desvendou em abril de 1989, apesar de os manifestantes serem na realidade, apoiadores do Partido Comunista que apelavam a um socialismo mais puro e mais forte. Traziam fotografias do Presidente Mao e entoavam repetidamente o hino nacional chinês.



Dois dias após a morte de Hu, surgiram grupos organizados estudantis de várias universidades que, no mesmo dia, se deslocaram até a Praça Tiananmen. Nessa noite, distribuíram uma lista conjunta de várias exigências.

Ao mesmo tempo, a CIA mantinha uma rede de informantes entre as lideranças universitárias que organizavam o protesto e naturalmente, sabia exatamente o que estava prestes a acontecer.

Por esta altura, o Departamento de Estado norte-americano tinha retirado o embaixador Winston Lord, substituindo-o em 8 de maio por James Lilley, um veterano agente da CIA.

Observadores atentos notaram que as faixas originais após a morte de Hu em abril, estavam em chinês porém mais tarde foram passadas para o inglês, fazendo um apelo à democracia. Uma delas, por exemplo, dizia: “Dêem-me a democracia ou deem-me a morte”, uma amostra do ditado americano de 1775: “Deem-me a liberdade ou deem-me a morte”. Isto não teria significado para um estudante chinês, mas funcionaria bem para um público internacional de língua inglesa que era, obviamente, o alvo pretendido.



Prontos para a execução



No dia 22 de maio, o novo embaixador dos EUA, James Lilley, escreveu a Washington: “Um confronto que resulte em derramamento de sangue é provável nesta altura”.

De facto, as palavras do embaixador Lilley pareciam antecipar a narrativa sobre a repressão dos ativistas pró-democracia na Praça de Tiananmen, que viria a ser lançada duas semanas depois.

O seu telegrama dizia: “OS ESTADOS UNIDOS DEVEM CONSIDERAR A POSSIBILIDADE DE TOMAR MEDIDAS PARA SE DISTANCIAREM DAS AUTORIDADES CHINESAS QUE PARECEM ESTAR SE PREPARANDO PARA REPRIMIR O SEU PRÓPRIO POVO. TODOS OS SINAIS INDICAM QUE SE TRATA DE UMA REVOLTA POPULAR QUE APOIA OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DA DEMOCRACIA”.

No entanto, ele estava errado: não se registou nenhuma repressão violenta. As coisas mantiveram-se calmas, por enquanto.

Uma semana mais tarde, no dia 28 de maio, o Dr. Gene Sharp, o autoproclamado perito americano na compilação de métodos para transformar protestos de rua em golpes de Estado, voou para Pequim com o seu assistente Bruce Jenkins. Sharp apresentou-se como um visitante ocasional, a fim de investigações. Já devidamente instalado em solo chinês, encontrou-se com um dos líderes estudantis: um homem chamado Li Lu.



Sharp estava há muito tempo associado ao coronel Robert Helvey, e conheciam-se desde pelo menos 1987, estando ambos sediados na Universidade de Harvard na altura, e ambos concentrados em transformar protestos inocentes em convulsões que levassem à mudança do regime socialista. No entanto, os últimos dias de maio puseram em evidência um problema para os americanos: ainda não havia violência, nem por parte dos estudantes e nem por parte do governo.



Cooptando lideranças



Segundo os documentos obtidos pelo WikiLeaks, os EUA contactaram os principais líderes dos estudantes que protestavam e fizeram-lhes uma oferta:

Não abrandem, continuem a protestar e nós daremos passaportes americanos, que lhes garantiriam uma passagem segura para fora da China gerida pela CIA, uma nova casa no país mais rico do mundo e inscrições nas melhores universidades americanas como Harvard, Princeton e Columbia”.

Tratava-se de uma proposta difícil de recusar.

No final de maio, a líder estudantil Chai Ling deu uma intrigante entrevista, na qual parecia prever um massacre na Praça Tiananmen, no qual ela própria morreria.

Disse que estava a dizer as suas últimas palavras, pois iria haver “um massacre que derramaria sangue como um rio através da Praça de Tiananmen”. No entanto, também revelou que não estaria lá, pois o seu novo plano era mudar-se para os EUA com o objetivo de estudos.

Anos mais tarde, escreveu que a sua notável previsão de uma repressão violenta que conduziria a um massacre na Praça de Tiananmen era algo que tinha ouvido de Li Lu e não a sua própria previsão.

Outra pessoa do principal grupo de estudantes, Kong Qingdong, recordou mais tarde como se tinha deparado com estudantes que utilizavam uma máquina de mimeógrafo para fazer cópias de documentos pessoais, para entregar à Embaixada dos EUA em troca de passaportes. Dois dos principais dirigentes, Chai Ling e Feng Congde, estavam a recebê-los, segundo lhe disseram os colegas de curso.

Kong recusou-se a juntar-se a eles. Para ele, os protestos tinham a ver com a defesa da China e com a modernização socialista do povo, e não com a obtenção de passaportes emitidos por uma potência estrangeira hostil.




A chegada dos agressores



Em certo momento próximo a Praça da Paz, soldados e estudantes partilhavam comida a outros habitantes.

No entanto, em 3 de junho, criminosos de diferentes regiões e alguns dos quais pertencentes a minorias étnicas, desencadearam uma luta em Mu Xi Di, no oeste da cidade, ao atacar as tropas do exército com bombas de gasolina e incendiá-los, queimando os ocupantes de forma fatal. Os autores do crime nunca foram encontrados.

Este local ficava a cinco quilômetros da Praça de Tiananmen.



Na madrugada de 4 de junho, os soldados chegaram à praça e pediram aos estudantes que abandonassem o local. O líder estudantil Feng Congde colheu a opinião dos manifestantes e concluiu que a maioria queria desocupar o espaço.

Por isso, anunciei a decisão de sair”, disse. A saída ocorreu de forma pacífica.

Diante disto, nota-se que a violência eclodiu não na praça mas, nas ruas próximas.

Larry Wortzel, uma testemunha, viu os manifestantes atacarem um veículo militar e notou como estavam bem organizados - alguém os tinha treinado.

Esta era claramente uma tática ensaiada e até praticada entre os manifestantes, uma vez que foi utilizada da mesma forma em locais diferentes da cidade”, escreveu.

Todos os relatos verificados de testemunhas oculares afirmam que os estudantes que permaneceram na praça quando as tropas chegaram, foram autorizados a sair pacificamente”, disse Jay Mathews, Jornalista do influente jornal norte-americano The Washington Post.

No dia seguinte, relatos de diferentes embaixadas estrangeiras surgiram, dizendo que 10.000 pessoas tinham sido mortas. Os propagadores diziam que os estudantes na praça não tinham ido embora e assim teriam ficado sendo massacrados com metralhadoras, e os seus corpos empilhado para depois erem incinerados por tropas com lança-chamas.




Documentos nas imagens acima detalham pate da arquitetura do plano norte americano, incluindo o pós


Porém, os relatos não continham evidências sendo considerada pelos historiadores orientais e ocidentais como falsas, sendo depois confessas como inverídicas por importantes veículos estadunidenses. Além do Washington Post, repórteres do The New York Times, CBS e os britânicos BBC além do The Daily Telegraph contidos no artigo do Jornalista Malcom More, admitem a farsa montada para a derrubada do Governo da China, com base em prova dos documentos deixados para trás após a execução do plano das agências de segurança norte americanas.



Vídeo de canal estadunidense Fantasmas nas Engrenagens, admitindo a arquitetura e objetivo do plano

Créditos e Fontes:

Artigo com mais informações (em inglês) do site Friday Every Day pelo editor Nury Vittachinascido no Sri Lanka e erradicado em Hong Kong

New docs reveal what really happened in Beijing, 1989 – Fridayeveryday


Artigo do Jornalista Malcolm More, do veículo britânico The Telegraph

Wikileaks: no bloodshed inside Tiananmen Square, cables claim