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Léo Lins é condenado a mais de 8 anos de prisão por piadas preconceituosas; Justiça aplica pena inédita no humor brasileiro

  • Categoria: Atualidade
  • Publicação: 04/06/2025 15:24
  • Autor: Matheus Reis
São Paulo, SP – O humorista Léo Lins foi condenado pela Justiça Federal de São Paulo a uma pena de 8 anos, 3 meses e 9 dias de prisão em regime fechado. A sentença foi proferida na última terça-feira, 3 de junho de 2025. A decisão, proferida pela 3ª Vara Criminal Federal, também impôs ao humorista o pagamento de uma multa de R$ 1,4 milhão e uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos. A condenação se baseia no conteúdo do show "Perturbador", exibido no YouTube em 2022.

A sentença concluiu que o espetáculo de Lins extrapolou os limites da liberdade artística e da livre manifestação do pensamento. As piadas, segundo a Justiça, continham teor preconceituoso contra diversos grupos, como negros, indígenas, nordestinos, pessoas com deficiência, LGBTQIA+ e idosos. O material foi classificado como racismo recreativo, um conceito jurídico que define manifestações discriminatórias disfarçadas de humor.

A magistrada responsável entendeu que o conteúdo do show configurou discurso de ódio, ferindo dispositivos da Lei nº 7.716/1989 (Lei do Racismo) e do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015). Além da pena de prisão e das multas, a decisão proíbe o humorista de divulgar e monetizar o conteúdo do show em qualquer plataforma.

Em nota, a defesa do humorista afirmou que irá recorrer da decisão, classificando a pena como "exagerada e desproporcional".




A OPINIÃO DO JORNALISTA MATHEUS REIS:

As pessoas pensam que estão acima do bem e do mal na internet. Acreditam que têm o direito de cometer crimes de intolerância contra grupos minorizados — e acham que nada vai acontecer. Mas a condenação de Léo Lins mostra que esse tempo passou. A Justiça agiu. E não se trata de censura ou limitação do humor: trata-se de responsabilidade. Quem usa o palco para reforçar estigmas e propagar preconceitos agora precisa entender que o microfone não é uma arma sem consequência.