. É fato que poucos são os cineastas "gringos" capazes de fazer a transição em relação ao seu idioma e país de origem, para o cinema mainstream norte-americano, sem perderem sua personalidade e "assinatura". Felizmente, o argentino Damian Szifron, sim, o eterno autor do já clássico "Relatos Selvagens" (2014), parece ser uma exceção à regra nesse sentido. Pois o suspense/policial "Sede Assassina", que marcou sua estreia como diretor na terra do Tio Sam, me surpreendeu positivamente. Filme muito bem dirigido, com planos belíssimos e, embora se trate de um filme de gênero (comercial), a crítica social que sempre caracterizou o trabalho de Szifron como diretor e roteirista, está sempre presente nas entrelinhas. A linda fotografia que dialoga perfeitamente com a direção de arte, caracterizada por uma paleta de cores essencialmente branca, azul e vermelha, ou seja, fazendo clara menção às cores da bandeira norte-americana (mas nunca em caráter de louvor, mas sim, de forma irônica), é outro show à parte, inclusive pelo de nos demonstrar, metaforicamente, que a tão falada "doce terra da liberdade", na prática, não é nenhum pouco acolhedora, em relação aqueles que não se adequam às suas regras. Curiosidade: interessante ver como todo o trabalho de atuação e caracterização de personagem, realizado por Ben Mendelsohn, é claramente calcado no personagem de Russel Crowe em "Uma Mente Brilhante" (2001), inclusive seu gestual. Mas isso não diminui em nada a qualidade se de seu desempenho, ótimo, aliás.

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