Sim, o famigerado roteiro escrito pelo queixudo (Tarantino) que, inacreditavelmente, não despertou interesse no diretor italiano Michele Soavi ("O Pássaro Sangrento", 1987) que, simplesmente, "não via graça na ideia de um filme dentro de outro filme", devido aquela mudança inesperada no rumo da trama, hoje, absolutamente lendária e, convenhamos, referência tão poderosa, capaz de levar o hoje badalado Ryan Coogler ("Pantera Negra", 2019), a praticamente produzir uma "versão blaxploitation" do clássico, em seu recente "Pecadores" (2025). Obs: o problema é que no filme de Coogler, já não há o fator surpresa na mudança brusca do rumo da trama e nem o delicioso humor característico do filme de Rodriguez/Tarantino. Obs 2: e por falar no delicioso senso de humor característico de "Um Drink No Inferno", muito provavelmente, determinadas cenas/ situações ali presentes, seriam praticamente impossíveis de serem realizadas em meio ao neo-puritanismo cancelador, característico do cinema contemporâneo; como , por exemplo, a cena em que Tarantino em pessoa, praticamente engole o pé de Salma Hayek (então no auge da beleza), vivendo a icônica e inesquecível personagem "Satânico Pandemonium" (clara referência e homenagem ao clássico filme de terror mexicano homônimo, realizado em 1975), bem como o igualmente inesquecível e hilário momento em que o personagem vivido pelo sempre impagável Cheech Marin, berra em frente ao bar ocorre toda a segunda parte do filme: "Big pussy, small pussy"... (Rs). Obs 3: a típica (e sempre bem-vinda) overdose de referências cinéfilas tarantinescas, obviamente, se faz presentes, afinal, você já reparou no sobrenome da família comandada por Harvey Keitel? Sim, Fuller, numa claríssima referência ao grande gênio do cinema norte-americano, entre os anos 50 e 60, sobretudo: Samuel Fuller (1912-1997). Indiscutivelmente, essa parceria Tarantino/Rodriguez, resultou num dos melhores e mais importantes filmes dos anos 90.